Pré-modernismo
Pré-Modernismo é o período anterior à Semana de Arte Moderna de 1922.
É um período de transição, pois notamos tanto características conservadoras, ligadas ao Parnasianismo, quanto características de uma literatura mais engajada, voltada para a realidade brasileira.
Didaticamente, o Pré-Modernismo iniciou-se em 1902, com a publicação das obras Os sertões, de Euclides da Cunha, e Canaã, de Graça Aranha. Estendeu-se por um curto período, até 1922, com a Semana de Arte Moderna.
Contexto sócio-histórico e características literárias
a) Mundial
• Pré-guerra
• Primeira Guerra Mundial (1914–1918)
• Revolução Russa (1917)
• Vanguardas Europeias
B) Brasileiro
• Revolta de Canudos (1897)
• Revoltada Vacina (1904 - RJ)
• Revolta da Chibata (1910 - RJ)
• Greves operárias (1917 - São Paulo)
• Política do café com leite
Características
O Pré-Modernismo promove uma ruptura com o passado, isto é, as novas produções rompem com os modelos pré-estabelecidos, preocupando-se com a denúncia da realidade não oficial, que passa a ser a temática do movimento. Observamos o regionalismo: sertões nordestinos, interior paulista, subúrbio carioca, entre outras regiões, são cenários para os romances. Dessa forma, os autores desse período preferem retratar tipos humanos marginalizados, tais como o sertanejo nordestino, o caipira, o mulato e o imigrante. Além disso, notamos a conexão com fatos políticos, econômicos e sociais contemporâneos.
Autores e obras
Euclides da Cunha (1866 – 1909)
Formou-se engenheiro militar, em 1892, entretanto, foi como jornalista que viajou e escreveu sua obra mais significante, intitulada Os Sertões. Essa obra é o resultado do seu trabalho como correspondente jornalístico do jornal O Estado de S. Paulo. A preocupação com a realidade e o caráter inconformista de Euclides caracterizam-no como um pré-modernista. O autor faz uma análise científica da sociedade brasileira e mostra que o homem é vítima do processo social e geográfico. Dessa forma, apresenta a vida do sertanejo e sua labuta para sobreviver, lutando contra a miséria e pobreza. A obra é dividida em três partes: a terra, o homem e a luta.
Graça Aranha (1868 – 1931)
Foi escritor e diplomata, além de membro da Academia Brasileira de Letras, tendo colaborado com a organização da Semana de Arte Moderna, em 1922. Sua obra mais representativa intitula-se Canaã e aborda a questão da imigração alemã no estado do Espírito Santo.
Monteiro Lobato (1882 – 1948)
Foi escritor, tradutor, editor de livros, contista, ensaísta e promotor público.
O autor é mais conhecido na Literatura Infantil, entretanto, escreveu críticas severas sobre os problemas sociais brasileiros. Produziu um artigo polêmico, intitulado “Paranoia ou Mistificação”, que foi uma crítica à exposição da pintora Anita Malfatti.
Criador do personagem Jeca Tatu, apresentou os costumes e hábitos do povo, caracterizando-se como escritor regionalista. Obras: Jeca Tatu (1919), Urupês (1918), Cidades Mortas (1919), Negrinha (1920), O Presidente Negro (1926), além da coleção Sítio do Pica-Pau Amarelo.
Lima Barreto (1881 – 1922)
Foi escritor, jornalista e funcionário público. Não conseguiu formar-se como engenheiro na Politécnica do Rio de Janeiro. Sua vida é marcada pelo preconceito e a discriminação racial. O autor foi rejeitado para a Academia Brasileira de Letras, pois sua obra tinha um tom despojado e coloquial. Lima Barreto retratou o dia a dia do subúrbio carioca, apresentando personagens marginalizados, por isso, incomodando a classe dominante, a qual tentava anular o seu discurso. Suas obras principais são Recordações do Escrivão Isaías Caminha (1908), O Homem que Sabia Javanês e outros contos (1911), Triste Fim de Policarpo Quaresma (1915), Vida e Morte de M. J. Gonzaga de Sá (1919), Histórias e Sonhos (1920), Os Bruzundangas (1922) e algumas obras póstumas: Clara dos Anjos (1956), Diário Íntimo (1956) e Cemitério dos Vivos (1956) SCHWARCZ, (2011 apud BARRETO, Lima; p. 15-53)
Sugestões de filmes
PAIXÃO e Guerra no Sertão de Canudos. Direção: Antônio Olavo. Brasil: [s.n.], 1993. (78 min), documentário.
POLICARPO Quaresma: Herói do Brasil. Direção: Paulo Thiago. Brasil: [s.n.], 1998. (120 min), comédia.
Referências
BARBOSA, Francisco de Assis. Lima Barreto. Rio de Janeiro. Agir, 2005.
BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 1994.
CEREJA, William Roberto; MAGALHÃES, Thereza Cochar. Português: linguagens. São Paulo: Saraiva, 2013. v. 3.
NICOLA, José de. Literatura brasileira: das origens aos nossos dias. 16. ed. São Paulo: Scipione, 2003.
SCHWARCZ, Lilia Moritz. “Lima Barreto: termômetro nervoso de uma frágil República”. In: BARRETO, Lima. Contos completos de Lima Barreto. São Paulo; Companhia das Letras, 2011, p. 15-53.
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