Pronomes
Veja esta tirinha:
Fonte: VERÍSSIMO, L. F. As cobras em: se Deus existe que eu seja atingido por um raio. Porto Alegre: | L&PM, 1997. |
Esse texto faz parte de uma das questões do Enem de 2011. O diálogo entre as cobras aborda, de forma humorada, o uso do pronome. Mas, cremos que não precisamos abordá-lo, basta entender seu uso adequado de acordo com a situação de comunicação.
A questão era esta: O humor da tira decorre da reação de uma das cobras com relação ao uso de pronome pessoal reto, em vez de pronome oblíquo. De acordo com a norma-padrão da língua, esse uso é inadequado, pois
A) contraria o uso previsto para o registro oral da língua.
B) contraria a marcação das funções sintáticas de sujeito e objeto.
C) gera inadequação na concordância com o verbo.
D) gera ambiguidade na leitura do texto.
E) apresenta dupla marcação de sujeito.
É comum utilizarmos as expressões: “Vamos arrasar eles”, “Vou buscar elas na escola” ou “Vou amar ela para sempre”. Porém, não é adequado, de acordo com a norma culta, usar o pronome dessa maneira, pois cada pronome tem sua função para exercer.
Na questão, temos o emprego do pronome “eles”, mas a função é de complemento do verbo e não a de sujeito. Portanto, a utilização adequada seria a do pronome oblíquo, como aparece no primeiro quadrinho.
Preste atenção no conceito, na classificação e nos exemplos:
PRONOME => é a palavra que substitui ou acompanha o substantivo, determinando a
significação.
Pessoas gramaticais:
1ª pessoa – pessoa que fala ou escreve
2ª pessoa – pessoa que ouve ou lê
3ª pessoa – pessoa (ou coisa) a respeito da qual a 1ª fala ou escreve
1. Pronomes pessoais: substituem as pessoas gramaticais; podem exercer as funções sintáticas de sujeito ou complemento.
Fique atento!
a) eu e tu => só exercem função de sujeito: O professor trouxe a prova para eu revisar.
mim e ti => só exercem a função de complemento: O professor trouxe a prova para mim.
b) ele / ela (s) => são pronomes oblíquos, quando precedidos de preposição: Você nunca concordou com ele.
c) uniformidade no tratamento:
Quero falar contigo para te contar a novidade.
Quero falar com você para lhe contar a novidade.
d) Os pronomes de tratamento fazem parte dos pronomes pessoais, já que são palavras ou expressões utilizadas para as pessoas com quem se fala. São, portanto, pronomes de 2ª pessoa, EMBORA, sejam empregados com verbo na 3ª pessoa.
O pronome VOCÊ é usado em situações informais, substituindo o pronome TU.
2- Pronomes Possessivos: referem-se a um substantivo para indicar uma ideia de posse em relação às três pessoas gramaticais.
Preste atenção:
a) Os possessivos seu, sua, seus e suas podem provocar ambiguidade. É necessário deixar a informação do referente clara no texto.
Ana, diga a João que aceito seu convite. (Convite de quem: de Ana ou de João?)
Ana, diga a João que aceito o convite dele.
b) Os possessivos seu, sua, seus e suas são utilizados nos pronomes de tratamento:
Vossa Senhoria tem a intenção de mudar seus planos?
3- Pronomes demonstrativos
Observe o texto a seguir, que foi uma das questões no Enem de 2014.
Há qualquer coisa de especial nisso de botar a cara na janela em crônica de jornal — eu não fazia isso há muitos anos, enquanto me escondia em poesia e ficção. Crônica algumas vezes também é feita, intencionalmente, para provocar. Além do mais, em certos dias mesmo o escritor mais escolado não está lá grande coisa. Tem os que mostram sua cara escrevendo para reclamar: moderna demais, antiquada demais.
Alguns discorrem sobre o assunto, e é gostoso compartilhar ideias. Há os textos que parecem passar despercebidos, outros rendem um montão de recados: “Você escreveu exatamente o que eu sinto”, “Isso é exatamente o que falo com meus pacientes”, “É isso que digo para meus pais”, “Comentei com minha namorada”. Os estímulos são valiosos pra quem nesses tempos andava meio assim: é como me botarem no colo — também eu preciso. Na verdade, nunca fui tão posta no colo por leitores como na janela do jornal. De modo que está sendo ótima, essa brincadeira séria, com alguns textos que iam acabar neste livro, outros espalhados por aí. Porque eu levo a sério ser sério … mesmo quando parece que estou brincando: essa é uma das maravilhas de escrever. Como escrevi há muitos anos e continua sendo a minha verdade: palavras são meu jeito mais secreto de calar. LUFT, L. Pensar é transgredir. Rio de Janeiro: Record, 2004.
Algumas palavras estão destacadas, entre elas, NISSO e ESSA. Elas desempenham um papel fundamental para o entendimento do texto, pois retomam e articulam ideias.
Veja a questão e tente respondê-la: Os textos fazem uso constante de recursos que permitem a articulação entre suas partes. Quanto à construção do fragmento, o elemento
a) “nisso” introduz o fragmento “botar a cara na janela em crônica de jornal”.
b) “assim” é uma paráfrase de “é como me botarem no colo”.
c) “isso” remete a “escondia em poesia e ficção”.
d) “alguns” antecipa a informação “É isso que digo para meus pais”.
e) “essa” recupera a informação anterior “janela do jornal”.
A resposta correta é a letra A, pois o pronome demonstrativo ISSO, relaciona a informação a seguir.
Pois então, os pronomes demonstrativos indicam, mostram o lugar em que um ser, um objeto ou uma informação se encontra, relativamente a cada uma das três pessoas gramaticais. Isso ocorre no espaço, no tempo e no contexto discursivo.
4- Pronomes indefinidos: referem-se à 3ª pessoa de modo vago, geral, indeterminado.
Principais empregos:
a) Algum, alguns, alguma, algumas:
- ANTES do substantivo, valor afirmativo: Algum amigo irá ajudá-lo.
- DEPOIS do substantivo, valor negativo: Amigo algum irá ajudá-lo. (nenhum amigo)
b) Todo, toda, todos, todas:
- Plural, indicam totalidade: Todos os alunos fizeram o vestibular.
- Singular, SEM ARTIGO, sentido de “qualquer”: Toda cidade deve ser bem governada.
- singular, COM ARTIGO, sentido de “inteiro” (valor adjetivo): Todo o país deve ser bem cuidado.
- singular, depois do substantivo, sentido de “inteiro” (valor adjetivo): A cidade toda deve ser bem cuidada.
5- Pronomes interrogativos: as palavras QUE, QUEM, QUAL e QUANTO empregadas na formulação de perguntas (diretas ou indiretas)
Quanto tempo você ficará em Londres?
Diga-me quanto tempo você ficará em Londres.
6- Pronomes relativos são aqueles que se referem a termos já expressos e, ao mesmo tempo, introduzem uma oração dependente.
o/a qual, os/as quais, cujo(s), cuja(s), quanto(s), quanta(s) / que, quem, onde/aonde
• => QUE: retoma palavras que nomeiam pessoas ou coisas: A menina que chegou é nossa colega. = a qual
• => QUEM: SÓ é usado para retomar palavras que designam pessoas: Foi José quem pagou a conta.
• => CUJO, CUJA, CUJOS, CUJAS: usados entre dois substantivos, estabelecendo ideia de POSSE: Esse é o jornalista CUJAS críticas irritaram o prefeito.
*Não há a presença do artigo depois do pronome cujo/cujos/cuja/cujas, pois ele é variável em gênero e número.
=> ONDE / AONDE: SEMPRE indicam LUGAR
ONDE: (lugar em que) Conheci a cidade onde você nasceu.
AONDE: (lugar a que / movimento) Conheci a cidade aonde você vai passar as férias.
Questões
1. (FUVEST-SP) Assinale a alternativa onde o pronome pessoal está empregado corretamente:
a) Este é um problema para mim resolver.
b) Entre eu e tu não há mais nada.
c) A questão deve ser resolvida por eu e você.
d) Para mim, viajar de avião é um suplício.
e) Quando voltei a si, não sabia onde me encontrava.
2. (MACK) A única frase em que há erro no emprego do pronome oblíquo é:
a) Eu o conheço muito bem.
b) Devemos preveni-lo do perigo.
c) Faltava-lhe experiência.
d) A mãe amava-a muito.
e) Farei tudo para livrar-lhe desta situação.
3. (AFA) Analise o slogan de um comercial, abaixo transcrito.
“Vem pra Caixa você também”. Em relação ao emprego do verbo “vir”, é correto afirmar que está
conjugado:
a) corretamente no presente do indicativo
b) corretamente no imperativo afirmativo
c) incorretamente no imperativo afirmativo
d) incorretamente no presente do indicativo
GABARITO: 1.D, 2.E, 3.C.
Divirta-se...
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