segunda-feira, 20 de maio de 2019

Parnasianismo

Parnasianismo


Introdução

O Parnasianismo foi um movimento essencialmente poético que reagiu contra os abusos sentimentais dos românticos. Alguns críticos chegam a considerá-lo uma espécie de Realismo na poesia. Tal aproximação é relativa, pois apesar de algumas identidades (objetivismo, perfeição formal) as duas correntes apresentam visões de mundo distintas. O autor realista percebe a crise da auto-imagem elogiosa da burguesia européia, já não acredita em nenhum dos valores da classe dominante e a fustiga social e moralmente. Em compensação, o autor parnasiano mantém uma soberba indiferença frente aos dramas do cotidiano, isolando-se na sua "torre de marfim"*, onde elabora teorias formalistas de acordo com a inconsequência e a superficialidade vitoriosas em vários setores artísticos, no final do século XIX.

Neste sentido, o Parnasianismo pode ser associado à Belle Époque - época dourada das elites europeias, que se divertem com os lucros do espólio imperialista. O can-can, os cabarés e cafés parisienses, os janotas que bebem licor e as prostitutas de alta classe formam a imagem frenética de um mundo enriquecido e alegre. Uma certeza inabalável preside esse mundo: a de que ele é eterno e superior. Assim, o Parnasianismo será a tradução poética de um período de euforia e de relativa tranquilidade social, no qual a forma se sobreporá às idéias.

SURGIMENTO DO PARNASIANISMO

Seu surgimento deu-se na década de 60, através da revista Parnase contemporain, dirigida por Théophile Gautier. O poeta mais expressivo do grupo colaborador, Charles Baudelaire, mais tarde romperia com a pesada estética parnasiana.


PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO PARNASIANISMO

1) OBJETIVISMO E IMPESSOALIDADE

O poeta deve ser neutro diante da realidade, esconder seus sentimentos, sua vida pessoal. A confissão íntima e o extravasamento subjetivo, tão caros aos românticos, são vistos como inimigos da poesia. O Eu precisa se apagar frente do mundo objetivo, eclipsar-se. O espetáculo humano, cenas da natureza ou simples objetos são registrados, sem que haja interferências da interioridade do artista. A exemplo do que ocorrera no Realismo e no Naturalismo, o escritor é aquele que observa e reproduz as coisas concretas. Tal postura iria se tornar muito complicada num gênero literário que, desde a sua fundação, centrara-se na revelação da alma.

2) ARTE PELA ARTE

Os parnasianos ressuscitam o preceito latino de que a arte é gratuita, que só vale por si própria. Ela não tem nenhum sentido utilitário, nenhum tipo de compromisso. É auto-suficiente e justifica-se apenas por sua beleza formal. Qualquer tipo de investigação do social, referência ao prosaico, interesse pelas coisas comuns a todos os homens seria "matéria impura" a comprometer o texto. Restabelecem, portanto, um esteticismo de fundo conservador que já vigora na arte da decadência romana. A literatura passa a ser apenas um jogo frívolo de espíritos elegantes.

3) CULTO DA FORMA

O resultado da visão descompromissada é a celebração dos processos formais do poema. A verdade de uma obra de arte passa a residir apenas em sua beleza. E a beleza é evidenciada pela elaboração formal. Logo:
VERDADE = BELEZA = FORMA

POESIA
A mitologia da perfeição formal constitui o alvo e a angústia básica dos parnasianos. A beleza deve ser alcançada a qualquer custo e o artista sente-se, muitas vezes, impotente para a realização desta tarefa. Olavo Bilac versa sobre o dilaceramento entre o ideal poético e a construção do poema em Perfeição, mostrando-a como uma cidadela inconquistável:

Nunca entrarei jamais no teu recinto;
na sedução e no fulgor que exalas,
ficas vedada, num radiante cinto
de riquezas, de gozos e de galas*.
* Torre de marfim -

* Galas - pompas, enfeites luxuosos.

Em Inania verba (Fúteis palavras), Bilac vai mais longe, atribuindo o fracasso expressivo do escritor a impossibilidade das idéias serem corretamente traduzidas pelas palavras, o pensamento se deformando na forma fria:

Ah! quem há-de exprimir, alma impotente e escrava,
O que a boca não diz, o que a mão não escreve
-- Ardes, sangras, pregada à tua cruz e, em breve,
Olhas, desfeito em lodo, o que te deslumbrava...

O Pensamento ferve, e é um turbilhão de lava:
A forma, fria e espessa, é um sepulcro de neve...
E a Palavra pesada abafa a Ideia leve,
Que, perfume e clarão, refulgia e voava.

Quem o molde achará para a expressão de tudo
Ai! quem há-de dizer as ânsias infinitas
Do sonho e o céu que foge à mão que se levanta

E a ira muda e o asco mudo e o desespero mudo
E as palavras de fé que nunca foram ditas
E as confissões de amor que morrem na garganta 


4) Impassibilidade


A impassibilidade é a negação do sentimentalismo exagerado presente no Romantismo. Os parnasianos negavam qualquer expressão de subjetividade em favor da objetividade temática.

O sentido da forma

Mas, afinal, o que é forma para os parnasianos? Eles consideram como forma a maneira do poema ser apresentado, seus aspectos exteriores. Forma seria assim a técnica de construção do poema. Isso representava uma simplificação primária do fazer poético e do próprio conceito de forma que passava a ser apenas uma fórmula. Uma fórmula resumida em alguns itens básicos:

a) Metrificação rigorosa: os versos devem ter o mesmo número de sílabas poéticas, preferencialmente doze sílabas (versos alexandrinos), os preferidos na época, como neste fragmento de Bilac:

Pátria, latejo em ti, no teu lenho*, por onde
Circulo! e sou perfume, e sombra, e sol, e orvalho!
E, em seiva, ao teu clamor a minha voz responde,
E subo do teu cerne* ao céu de galho em galho!
Ou apresentar uma simetria constante, do tipo: primeiro verso de oito sílabas, segundo de quatro sílabas, terceiro de oito sílabas, quarto com quatro sílabas, etc. O exemplo ainda é de Bilac:

Porque o escrever -- tanta perícia,
    Tanta requer
Que ofício tal... nem há notícia
    De outro qualquer.

b) Rimas ricas: os poetas devem evitar as rimas pobres, isto é, aquelas estabelecidas por palavras da mesma classe gramatical, como substantivo com substantivo, adjetivo com adjetivo, etc. No período há uma ênfase no tipo de rima ABAB para as estrofes de quatro versos, isto é o primeiro verso rima com o terceiro, o segundo com o quarto. Não é incomum, contudo, o uso de rimas ABBA, isto é o primeiro verso rima com o quarto e o segundo com o terceiro.

“Sonha … Porém de súbito a violento
Abalo acorda. Em torno as folhas bolem …
É o vento! E o ninho lhe arrebata o vento”.

c) Preferência pelo soneto: os parnasianos reivindicam a tradição clássica do soneto, composição poética de quatorze versos - articulada obrigatoriamente em dois quartetos e dois tercetos - e que se encerra com uma "chave de ouro", espécie de síntese do poema, manifesta tão somente no último verso.

d) Descritivismo: eliminando o Eu, a participação pessoal e social, só resta ao parnasiano uma poética baseada no mundo dos objetos, objetos mortos: vasos, colares, muros, etc. São pequenos quadros, fortemente plásticos (visuais), fechados em si mesmos, com grande precisão vocabular e freqüente superficialidade. O trecho abaixo pertence ao conhecido Vaso chinês, de Alberto de Oliveira:

Estranho mimo aquele vaso! Vi-o
Casualmente, uma vez, de um perfumado
Contador sobre o mármore luzidio,
Entre um leque e o começo de um bordado. 

5) TEMÁTICA GRECO-ROMANA

Apesar de todo o esforço, os parnasianos não conseguem articular poemas sem conteúdo e são obrigados a encontrar um assunto desvinculado no mundo concreto para motivo de suas criações. Escolhem a Antiguidade Clássica, aspectos de sua história e de sua mitologia.
No mundo mitológico e hitórico da Antigüidade Clássica os parnasianos foram buscar o motivo principal de sua lírica

Esta matéria poderia render excepcionais reflexões filosóficas e existenciais, pois integramos o Ocidente, e o nosso jeito de ser, agir e pensar é profundamente marcado pela civilização grega, e mesmo pela romana. Mas os poetas do período optam por quadros estáticos. Nos deparamos então com centenas de textos que falam de deuses, heróis, personagens históricos, cortesãs, fatos lendários e até mesmo objetos. A sesta de Nero, de Olavo Bilac, foi considerado na época um grande poema:

Fulge de luz banhado, esplêndido e suntuoso,
O palácio imperial de pórfiro luzente*
É marmor da Lacônia*. O teto caprichoso
Mostra em prata incrustrado, o nácar* de Oriente.

Nero no toro ebúrneo* estende-se indolente
Gemas em profusão no estrágulo* custoso
De ouro bordado vêem-se. O olhar deslumbra, ardente
Da púrpura da Trácia* o brilho esplendoroso.

Formosa ancila* canta. A aurilavrada lira
Em suas mãos soluça. Os ares perfumando,
Arde a mirra da Arábia em recendente pira.

Formas quebram, dançando, escravas em coréia*.
E Nero dorme e sonha, a fronte reclinando
Nos alvos seios nus da lúbrica* Pompéia.


Pórfiro luzente: mármore luminoso
Lacônia: Grécia.
Nácar: substância brilhante que se encontra no interior das conchas.
Estrágulo: tapete, tapeçaria.
Trácia: região da Europa oriental.
Ancila: escrava
Coréia: bailado
Lúbrica: sensual

Exemplos de poesia parnasiana 

Vaso Chinês 

Estranho mimo, aquele vaso! Vi-o
Casualmente, uma vez, de um perfumado
Contador sobre o mármor luzidio,
Entre um leque e o começo de um bordado.

Fino artista chinês, enamorado
Nele pusera o coração doentio
Em rubras flores de um sutil lavrado,
Na tinta ardente, de um calor sombrio.

Mas, talvez por contraste à desventura -
Quem o sabe? – de um velho mandarim
Também lá estava a singular figura:
Que arte, em pintá-la! A gente acaso vendo-a
Sentia um não sei quê com aquele chim
De olhos cortados à feição de amêndoa.
Alberto de Oliveira 

A Cavalgada

A lua banha a solitária estrada.
Silêncio! … Mais além, confuso e brando,
O som longínquo vem se aproximando
Do galopar de estranha cavalgada.

São fidalgos que voltam da calçada;
Vêm alegres, vêm rindo, vêm cantando,
E as tropas a soar vão agitando
O remanso da noite embalsamada…

E o bosque estala, move-se, estremece…
Da cavalgada o estrépito que aumenta
Perde-se após no centro da montanha.

E o silêncio outra vez soturno desce…
E límpida, sem mácula, alvacenta,
A lua a estrada solitária banha…
Raimundo Correia  

Via láctea 

“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!” Eu vos direi, no entanto,
Que para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto…

E conversamos toda a noite, enquanto
A via láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: “Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?”

E eu vos direi: “Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.”


O PARNASIANISMO NO BRASIL

ORIGENS

No Brasil, a adoção do Parnasianismo tem um múltiplo significado:

- Representa um desligamento da realidade local no que essa tinha de pobre, feia e suja. Na adoção de valores europeus, os poetas fecham suas obras para um mundo grosseiro, feito de horrores, pestes e exploração, trocando o país concreto pela antigüidade, pelo sonho com a cidade-luz, Paris, e pelo nacionalismo ufanista. Nem todos os parnasianos são conservadores do ponto de vista político, mas sua arte o é.

- Assinala o triunfo de uma estética rígida que corresponde a uma sociedade imobilizada. Os princípios da escola tornam-se cânones e quem os desobedece , não ingressa no reino da poesia. Surgem vários tratados, ensinando os leitores os preceitos e os truques da nova poética que acaba caindo no gosto do público. Um público pequeno: a elite leitora de fins do século XIX chega no máximo a cinco por cento da população.

- Apresenta uma arte centrada em obviedades escritas com ênfase retórica. Além das fórmulas fixas de agrado popular, como o soneto, do refinamento verbal - que distinguia o letrado do semi-analfabeto - e das regras autoritárias de poesia, os parnasianos produzem mensagens convencionais, insípidas e, até mesmo, certas reflexões filosóficas muito próximas da banalidade. Esta tendência ao convencional e ao lugar-comum consolida-se socialmente porque não ameaça, não questiona, não põe em xeque as concepções que as classes dirigentes tinham de si mesmas e do Brasil.

- Domina intelectualmente o país por quarenta anos. De maneira inesperada, os poetas do período acabam ganhando adeptos não somente nas elites, mas também nos círculos intelectuais das nascentes classes médias urbanas. Assim, o Parnasianismo espalha-se por todo o país, alcançando um número monumental de seguidores. Seu domínio foi de tal ordem que os organizadores da Semana de Arte Moderna tiveram como um dos objetivos básicos a destruição desses modelos parnasianos de poesia e de cultura.
- Coloca a criação literária como resultante do esforço e não da inspiração. Os românticos haviam expresso uma crença tão apaixonada na espontaneidade, no "borbulhar do gênio", no instinto criativo, que todo o trabalho de pesquisa e cuidado formal do artista parecia supérfluo. Já os parnasianos consideram a poesia como um processo artesanal de luta com as palavras, de busca do rigor, de suor e dedicação. Rompem com o amadorismo e a facilidade. Mostram que a arte, normalmente, não aceita os preguiçosos e aproximam-se da visão contemporânea sobre a construção do texto literário e o papel profissional do escritor.


O SURGIMENTO DO PARNASIANISMO NO BRASIL

O movimento parnasiano teve grande importância no Brasil, não apenas pelo elevado número de poetas, mas também pela extensão de sua influência. Seus princípios doutrinários dominaram por muito tempo a vida literária do país. Na década de 1870, a poesia romântica deu mostras de cansaço, e mesmo em Castro Alves é possível apontar elementos precursores de uma poesia realista. Assim, entre 1870 e 1880 assistiu-se no Brasil à liquidação do romantismo, submetido a uma crítica severa por parte das gerações emergentes, insatisfeitas com sua estética e em busca de novas formas de arte, inspiradas nos ideais positivistas e realistas do momento.
Dessa maneira, a década de 1880 abriu-se para a poesia científica, a socialista e a realista, primeiras manifestações da reforma que acabou por se canalizar para o parnasianismo. As influências iniciais foram Gonçalves Crespo e Artur de Oliveira, este o principal propagandista do movimento a partir de 1877, quando chegou de uma estada em Paris. O parnasianismo surgiu timidamente no Brasil nos versos de Luís Guimarães Júnior (1880; Sonetos e rimas) e Teófilo Dias (1882; Fanfarras), e firmou-se definitivamente com Raimundo Correia (1883; Sinfonias), Alberto de Oliveira (Meridionais) e Olavo Bilac (1888; Poesias).
parnasianismo brasileiro, a despeito da grande influência que recebeu do parnasianismo francês, não é uma exata reprodução dele, pois não obedece à mesma preocupação de objetividade, de cientificismo e de descrições realistas. Foge do sentimentalismo romântico, mas não exclui o subjetivismo. Sua preferência dominante é pelo verso alexandrino de tipo francês, com rimas ricas, e pelas formas fixas, em especial o soneto.
Quanto ao assunto, caracteriza-se pelo realismo, o universalismo e o esteticismo. Este último exige uma forma perfeita quanto à construção e à sintaxe. Os poetas parnasianos vêem o homem preso à matéria, sem possibilidade de libertar-se do determinismo, e tendem então para o pessimismo ou para o sensualismo.
Além de Alberto de Oliveira, Raimundo Correia e Olavo Bilac, que configuraram a trindade parnasiana, o movimento teve outros grandes poetas no Brasil, como Vicente de Carvalho, Machado de Assis, Luís Delfino, Bernardino da Costa Lopes, Francisca Júlia, Guimarães Passos, Carlos Magalhães de Azeredo, Goulart de Andrade, Artur Azevedo, Adelino Fontoura, Emílio de Meneses, Augusto de Lima e Luís Murat.

PRINCIPAIS REPRESENTANTES E OBRAS DO PARNASIANISMO NO BRASIL

1) OLAVO BILAC (1865-1918)
Caricatura de Olavo Bilac

Tentou estudar medicina e advocacia, porém abandonou as duas carreiras por gostar mais de artes plásticas. Além de poesias, ele também escreveu crônicas e comentários, inicialmente publicados em jornais e revistas. Foi inspetor escolar, secretário da Liga de Defesa Nacional, jornalista, tomou parte na fundação da Academia de Letras e foi sócio correspondente da Academia das Ciências de Lisboa. Trabalhou muito pelo ensino cívico e pela defesa do país.  Expressou seu mundo interior através de uma poesia lírica, amorosa e sensual, abandonando o tom comedido do Parnasianismo. 

Olavo Bilac criou uma linguagem pessoal e comunicativa, não ficando limitado às idéias parnasianas. Por causa disso, ele é considerado um dos mais populares escritores de sua época. 

Escreveu: “A sesta de Nero”, “O incêndio de Roma”, “O Caçador de Esmeraldas” “Panóplias”, “Via Láctea”, “Sarças de fogo”, “As viagens”, “Alma inquieta”, “Tarde” (publicada após a sua morte, em 1919), etc.   

A melhor definição de Olavo Bilac é feita por Antonio Candido: "admirável poeta superficial". Poucos escritores no país merecem um conceito tão surpreendente. Admirável ele é porque soube valorizar a profissão de homem de letras, transformando-a, conforme suas próprias palavras em "um culto e um sacerdócio".
Admirável é também a sua habilidade técnica que o leva a versificar com meticulosa precisão: parece que jamais erra métrica ou rima. "Todas as suas emoções eram já metrificadas com exatidão e rimadas com abundância", diz Mário de Andrade. Admirável, por fim, são os inúmeros sonetos que rompem com os mitos da impassibilidade e da objetividade absoluta - indicando uma herança romântica da qual o poeta não pode ou não quer se livrar.
Superficial nele são os quadros históricos e mitológicos, o erotismo de salão, as miniaturas descritivas e o nacionalismo ufanista. Os temas, em geral, não estão à altura do domínio técnico e dos recursos de linguagem. Como acentua o próprio Antonio Candido, o poeta transforma tudo, o drama humano e a natureza, em "espetáculo", em coisa, em matéria-prima dos recursos esculturais do verso.Com algumas exceções, seus poemas nada aprofundam e ainda passam uma sensação de frieza.
Podemos indicar os seguintes assuntos como dominantes em sua poética:
  • a Antiguidade greco-romana (ver Características do Parnasianismo)
  • a temática da perfeição (ver Atividade)
  • o lirismo amoroso
  • a reflexão existencial.
  • o nacionalismo ufanista

2) ALBERTO DE OLIVEIRA (1857-1937)

Nasceu no interior do Rio de Janeiro e formou-se em Farmácia. Exerceu várias funções públicas, entre as quais o magistério e tornou-se um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras. Sua lírica descritivista e convencional lhe garantiu um lugar no gosto médio da época, substituindo Olavo Bilac na condição de "príncipe dos poetas brasileiros", em 1924, quando o Parnasianismo já fora destruído pelas novas elites artísticas do país. Morreu em Niterói, aos oitenta anos.

OBRAS PRINCIPAIS: Meridionais (1884); Versos e rimas (1895); O livro de Ema (1900)
Entre todos os parnasianos é o que mais permanece atado aos rigorosos padrões do movimento. Manipula os procedimentos técnicos de sua escola com precisão, mas essa técnica ressalta ainda mais a pobreza temática, a frieza e a insipidez de uma poesia hoje ilegível. Alfredo Bosi acentua que o criador de Vaso grego sonha em desfazer-se de todos os compromissos com a realidade.
Na década de 1920, Mário de Andrade já havia escrito que o único problema de Alberto de Oliveira era o não ter nada para dizer, e que uma lágrima de qualquer poema de Goethe possuía mais lirismo que a obra completa desse parnasiano menor.

Confirmando a justiça desses julgamentos, pouco encontramos em Alberto de Oliveira além de poemas que reproduzem mecanicamente a natureza e objetos decorativos. Enfim, uma poesia de rimas exatas e métrica correta. Uma poesia sobre coisas inanimadas. Uma poesia tão morta como os objetos descritos. Vaso grego é a tradução desta mediocridade:

Esta de áureos* relevos, trabalhada
De divas* mãos, brilhante copa, um dia,
Já de aos deuses servir como cansada,
Vinda do Olimpo, a um novo deus servia.

Era o poeta de Teos* que a suspendia
Então, e, ora repleta ora esvazada,
A taça amiga aos dedos seus tinia,
Toda de roxas pétalas colmada*.

Depois... Mas o lavor da taça admira,
Toca-a, e do ouvido aproximando-a, às bordas
Finas hás de lhe ouvir, canora e doce,

Ignota* voz, qual se da antiga lira
Fosse a encantada música das cordas
Qual se essa voz de Anacreonte* fosse.
* Áureos: de ouro
* Diva: deusa, mulher formosa
* Teos:
* Colmada: coberta
* Ignota: desconhecida
* Anacreonte: poeta grego

3) Raimundo Correa (1860-1911)


Poeta e diplomata brasileiro, foi considerado um dos inovadores da poesia brasileira.
Quando secretário da delegação diplomática brasileira em Portugal, publica aí uma coletânea de seus livros na obra Poesia(1898).
De volta ao Brasil, assume a direção do Ginásio Fluminense de Petrópolis. Com a saúde bastante abalada, retorna à Europa, vindo a falecer em Paris.

OBRAS PRINCIPAIS: Sinfonias (1883); Aleluias (1891)
A exemplo dos demais componentes da tríade parnasiana, Raimundo Correia foi um consumado artesão do verso, dominando com perfeição as técnicas de montagem e construção do poema. Alguns críticos valorizam nele o sentido plástico de suas descrições da natureza. O gelo descritivista da escola seria quebrado por uma emoção genuína - fina melancolia - que humanizava a paisagem, como se pode visualizar no excerto abaixo:

Esbraseia o Ocidente na agonia
O sol...Aves bandos destacadas
Por céus de oiro e de púrpura raiados
Fogem...Fecha-se a pálpebra do dia...

Delineiam-se, além da serraria,
Os vértices da chama aureolados.
E em tudo, em torno, esbatem derramados
Uns tons suaves de melancolia...


Características das obras de Raimundo Corrêa

Tinha como características pessoais o pessimismo, o predomínio da simulação, percepção aguda da transitoriedade da ilusão humana, profundo se das virtualidades vocabulares. O gelo descritivista da escola seria quebrado por uma emoção genuína que humanizava a paisagem.

OUTROS POETAS PARNASIANOS

Além do catarinense Luís Delfino, que com Sonetos e rimas evolui do ultra-romantismo para um parnasianismo feito de referências ao mundo da Antiguidade, destaca-se também Francisca Júlia, que com Mármores torna-se o primeiro nome feminino conhecido em nossa literatura. Ela atinge, no dizer de um crítico, a absoluta impassibilidade exigida pelo movimento, sem que isso signifique, é óbvio, equivalente qualidade literária.
Fora a tríade, o nome mais significativo do período é o de Vicente de Carvalho, poeta santista que, em suas obras principais (Ardentias, Relicário, Poemas e canções), tematiza preferencialmente o oceano dentro de uma técnica parnasiana. Pelo menos um crítico viu nesta obsessão pelo mar um legado cultural do Romantismo. O certo, entretanto, é que, apesar da beleza de algumas descrições, livres dos rigor formal da escola, o poeta manteve quase sempre a objetividade, fugindo de um registro original ou subjetivo da natureza. Algumas de suas "marinhas" são mais espontâneas:

Mar, belo mar selvagem
Das nossas praias solitárias. Tigre
A que as brisas da terra o sono embalam,
A que o vento largo eriça o pêlo!
* Recôndito: escondido, âmago.

Fontes: www.vestibular.com.br
            portal.profjorge.com.br
               educaterra.terra.com.br

Questões de vestibular sobre o Parnasianismo

1)  (MACKENZIE) Não caracteriza a estética parnasiana:

a) A oposição aos românticos e distanciamento das preocupações sociais dos realistas.
b) A objetividade, advinda do espírito cientificista, e o culto da forma.
c) A obsessão pelo adorno e contenção lírica.
d) A perfeição formal na rima, no ritmo, no metro e volta aos motivos clássicos.
e) A exaltação do “eu” e fuga da realidade presente.

2) Leia os versos:

Esta, de áureos relevos, trabalhada
De divas mãos, brilhantes copa, um dia,
Já de  aos deuses servir como cansada,
Vinda do Olimpo, a um novo deus servia.
Era o poeta de Teos que a suspendia.
Então e, ora repleta ora esvaziada,
A taça amiga aos dedos seus tinia
Todas de roxas pétalas colmada.  (Alberto de Oliveira)

 Assinale a alternativa que contém características parnasianas presentes no poema:

a) busca de inspiração na Grécia Clássica, com nostalgia e subjetivismo;
b) versos impecáveis, misturando mitologia clássica com sentimentalismo amoroso;
c) revalorização das idéias iluministas e descrição do passado;
d) descrição minuciosa de um objeto e busca de um tema ligado à Grécia antiga;
e) vocabulário preciosista, de forte ardor sensual.

3) Assinale a alternativa que tenha apenas características do Parnasianismo:

a) culto da forma; objetivismo; predomínio dos elementos da natureza;
b) preocupação com a forma, com a técnica e com a métrica; presença de rimas ricas, raras, preciosas;
c) predomínio do sentimentalismo; vocabulário precioso; descrições de objetos;
d) teoria da arte pela arte; métrica perfeita; busca do nacionalismo;
e) sexualidade; hereditariedade; meio ambiente.

4)  (FUND. UNIV. RIO GRANDE) Marque a afirmativa correta:

a) O Parnasianismo caracterizou-se, no Brasil, pela busca da perfeição formal na poesia.
b) O Parnasianismo determinou o surgimento de obras de tom marcadamente coloquial.
c) O Parnasianismo, por seus poetas, preconizava o uso do verso livre.
d) O Parnasianismo brasileiro deu ênfase ao experimentalismo formal.
e) O Parnasianismo foi o responsável pela afirmação de uma poesia de caráter sugestivo e musical.

5) (Uneb – BA) São características parnasianas:

a) perfeição formal, preciosismo linguístico, objetivismo e desprezo pela arte útil.
b) preocupação excessiva com a forma, análise determinista do homem, subjetivismo e universalismo.
c) desprezo pela forma requintada, preocupação político-social, objetivismo e individualismo.
d) forma requintada, “arte-sugestão”, subjetivismo exacerbado e análise psicológica do homem.
e) impassibilidade (distanciamento das emoções), “poesia científica”, pessoalidade e tematização da natureza.

6) (UEL) O Parnasianismo brasileiro foi um movimento.

a) Poético do final do século XIX e início do século XX.
b) Lítero-musical do final do século XVIII e início do século XIX.
c) Poético do final do século XVIII e início do século XIX.
d) Teatral do final do século XX.
e) Lítero-musical do início do século XX.

7) Tendo em vista as características que nortearam a estética parnasianista, leia atentamente o poema que segue e depois o analise, procurando evidenciar tais pressupostos por meio de exemplos extraídos do próprio poema:

Vaso Chinês
Estranho mimo aquele vaso! Vi-o,
Casualmente, uma vez, de um perfumado
Contador sobre o mármore luzidio,
Entre um leque e o começo de um bordado.
Fino artista chinês, enamorado,
Nele pusera o coração doentio
Em rubras flores de um sutil lavrado,
Na tinta ardente, de um calor sombrio.
Mas, talvez por contraste à desventura,
Quem o sabe?... de um velho mandarim
Também lá estava a singular figura.
Que arte em pintá-la! A gente acaso vendo-a,
Sentia um não sei quê com aquele chim
De olhos cortados à feição de amêndoa.

8) (FESP) Com relação ao Parnasianismo, é correto afirmar:

a) É sentimentalista;
b) Assume uma visão crítica da sociedade;
c) Seus autores estiveram sempre atentos às transformações do final do século XIX e início do seguinte;
d) O seu traço mais característico é o endeusamento da forma;
e) Seu poeta mais expressivo, Olavo Bilac, defendeu um retorno à arte barroca.

9) (PUC-MGA QUESTÃO ABAIXO REMETE AO POEMA “A CAVALGADA”, DE RAIMUNDO CORREIA, CITADO EM O ENCONTRO MARCADO:

A lua banha a solitária estrada…
Silêncio!… Mais além, confuso e brando,
O som longínquo vem-se aproximando
Do galopar de estranha cavalgada.
São fidalgos que voltam da caçada;
Vêm alegres, vêm rindo, vêm cantando.
E as trompas a soar vão agitando
O remanso da noite embalsamada…
E o bosque estala, move-se, estremece…
Da cavalgada o estrépito que aumenta
Perde-se após no centro da montanha…
E o silêncio outra vez soturno desce…
E límpida, sem mácula, alvacenta
A lua a estrada solitária banha…
A lua banha a solitária estrada…
Silêncio!… Mais além, confuso e brando,
O som longínquo vem-se aproximando
Do galopar de estranha cavalgada.
São fidalgos que voltam da caçada;
Vêm alegres, vêm rindo, vêm cantando.
E as trompas a soar vão agitando
O remanso da noite embalsamada…
E o bosque estala, move-se, estremece…
Da cavalgada o estrépito que aumenta
Perde-se após no centro da montanha…
E o silêncio outra vez soturno desce…
E límpida, sem mácula, alvacenta
A lua a estrada solitária banha…

Todos os traços são próprios do Parnasianismo e ocorrem no poema acima, EXCETO:

a) apreço por poemas de forma fixa, como o soneto.
b) atmosfera mística, de contornos indefinidos.
c) exaltação da vida, dos jogos, do prazer.
d) paisagem exterior, rica de plasticidade.
e) riqueza de ritmos e nobreza vocabular.

10) (UCSAL) Olavo Bilac, Raimundo Correia e Alberto de Oliveira são representantes de uma mesma escola literária. Assinale a alternativa cujos versos exemplificam as características dessa escola.

a) A noite caiu na minh’alma,
fiquei triste sem querer.
Uma sombra veio vindo,
veio vindo, me abraçou.
Era a sombra de meu bem
que morreu há tanto tempo.
b) Dorme.
Dorme o tempo que não podias dormir.
Dorme não só tu,
Prepara-te para dormir teu corpo e teu amor contigo.
c) Quantas vezes, em sonho, as asas da saudade
Solto para onde estás, e fico de ti perto!
Como, depois do sonho, é triste a realidade!
Como tudo, sem ti, fica depois deserto!
d) Pálida, à luz da lâmpada sombria,
Sobre o leito de flores reclinada,
Como a lua por noite embalsamada.
Entre as nuvens do amor ela dormia!
e) Nas horas da noite, se junto a meu leito
Houveres acaso, meu bem, de chegar,
Verás de repente que aspecto risonho
Que torna o meu sonho,
Se o vens bafejar!

11) (UFAL) As afirmações seguintes referem-se ao Parnasianismo no Brasil:

I. Para bem definir como entendia o trabalho de um poeta, Olavo Bilac comparou-o ao de um joalheiro, ou seja: escrever poesia assemelha-se à perfeita lapidação de uma matéria preciosa.

II. Pelas convicções que lhe são próprias, esse movimento se distancia da espontaneidade e do sentimentalismo que muitos românticos valorizavam.

III. Por se identificarem com os ideais da antiguidade clássica, é comum que os poetas mais representativos desse estilo aludam aos mitos daquela época.


Está correto o que se afirma em:

a) II, apenas.
b) I e II, apenas.
c) I e III, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.

12) (UFPE) O Arcadismo (no século XVIII) e o Parnasianismo (em fins do século XIX) apresentam, em sua caracterização, pontos em comum. São eles:

a) Bucolismo e busca da simplicidade de expressão.
b) Amor galante e temas pastoris.
c) Ausência de subjetividade e presença da temática e da mitologia greco-latina.
d) Preferência pelas formas poéticas fixas, como o soneto, e pelas rimas ricas.
e) A arte pela arte e o retorno à natureza.

13) (Fund. Carlos Chagas) Os poetas representativos da escola parnasiana defendiam:

a) O engajamento político nas causas históricas da época, fazendo delas matéria para uma poesia inflamada e eloquente.
b) A ideia de que a livre inspiração é a garantia maior de que o poema corresponde à expressão direta das emoções mais profundas.
c) A simplicidade da arte primitiva, razão pela qual buscavam os temas bucólicos e uma linguagem próxima da fala rústica dos camponeses.
d) O abandono das formas fixas, criando, portanto, as condições para o posterior surgimento dos poemas em verso livre do Modernismo.
e) A disciplina do artista e o trabalho artesanal com a linguagem, de modo a resultar uma obra adequada aos padrões de uma estética clássica.

14) (PUC-Campinas) É incorreto afirmar que no Parnasianismo:

a) A natureza é apresentada objetivamente.
b) A disposição dos elementos naturais (árvores, estrelas, céu, rios) é importante por obedecer a uma ordenação lógica.
c) A valorização dos elementos naturais torna-se mais importante que a valorização da forma do poema.
d) A natureza despe-se da exagerada carga emocional com que foi explorada em outros períodos literários.
e) As inúmeras descrições da natureza são feitas dentro do mito da objetividade absoluta, porém os melhores textos estão permeados de conotações subjetivas.

15) (PUC-RS) Na esteira da busca ________, o Parnasianismo tende ao ________. Dessa forma, ________ a possibilidade de vínculo com a realidade.

a) da impessoalidade - dogmatismo - estabelece.
b) da perfeição formal - esteticismo - rejeita.
c) da perfeição formal – ilogismo - estabelece.
d) do psicologismo - ilogismo - refuta.
e) da impassibilidade - descritivismo - recupera.

16) (PUC-RS) Raimundo Correia, Olavo Bilac e Alberto de Oliveira associam-se ao Parnasianismo. Todas as afirmativas que seguem estão relacionadas a essa tendência literária, EXCETO:

a) A objetividade e a impessoalidade do poeta.
b) O culto à forma em detrimento do conteúdo.
c) A busca do belo através da palavra.
d) A recorrência aos mitos greco-latinos.
e) A mitificação do país natal.

17) (UFPE) O Parnasianismo teve como principais características o princípio da arte pela arte, o rigor formal, a objetividade (eliminação do eu), o descritivismo e o retorno à temática greco-romana. Entre os versos abaixo, do poeta parnasiano mais conhecido - Olavo Bilac - assinale a única alternativa que reafirma a regra de eliminação da subjetividade do Parnasianismo.

a) "Invejo o ourives quando escrevo/ Imito o amor/ Com que ele, em ouro, o alto–relevo/ Faz de uma flor."
b) "E eu vos direi:Amai para entendê-las /pois só quem ama pode ter ouvido Capaz de amar e entender estrelas."
c) "Fernão Dias Paes Leme agoniza/Um lamento chora longo a rolar na longa voz do vento. Mugem soturnamente as águas, o céu fulge."
d) "Não quero o Zeus Capitolino hercúleo e belo,
Talhar no mármore divino com o camartelo.
Que outro - não eu - a pedra corte.
Para brutal, erguer de Atene o altivo porte,
Descomunal."
e) "Nunca morrer assim! Nunca morrer num dia/Assim!De um sol assim! Tu, desgrenhada e fria./Fria, postos nos meus os teus olhos molhados/E apertando nos teus os meus dedos gelados!"

18) (UFAM) Todas as características de estilo abaixo relacionadas pertencem ao Parnasianismo, exceto:

a) O apuro quanto à parte formal.
b) A reserva nas efusões pessoais.
c) A procura de rimas ricas.
d) A imaginação criadora.
e) O uso de descrições.

19) (FURG) Assinale a alternativa correta:

a) A poesia parnasiana caracterizou- se, no Brasil, pelo extremo sentimentalismo de suas imagens.
b) O Parnasianismo brasileiro trabalhou pela fixação de uma linguagem simples e de caráter nacionalista.
c) A poesia parnasiana brasileira investiu mais no caráter plástico de suas imagens do que na musicalidade dos versos.
d) O Parnasianismo brasileiro foi o responsável pela afirmação, no País, de uma poesia comprometida com as questões de ordem social.
e) A poesia parnasiana brasileira, por seu extremo experimentalismo, foi tributária da vanguarda européia dos anos iniciais do século passado.

20) ) (CEFET-PR)
E sobre mim, silenciosa e triste,
A Via-Láctea se desenrola
Como um jarro de lágrimas ardentes
(Olavo Bilac)

Sobre o fragmento poético não é correto afirmar:

a)  A “Via-Láctea” sofre um processo de personificação.
b)  A cena é descrita de modo objetivo, sem interferência da subjetividade do eu-poético.
c)  A opção pelos sintagmas “desenrola” e “jarro de lágrimas ardente” visa a presentificar o movimento dos astros.
d)   Há predomínio da linguagem figurada e descritiva.
e)  A visão de mundo melancólica do emissor da mensagem se projeta sobre o objeto poetizado.

21) (UNIFESP-2004) No Manifesto da Poesia Pau-Brasil, Oswald de Andrade faz o seguinte comentário sobre os poetas parnasianos: “Só não se inventou uma máquina de fazer versos - já havia o poeta parnasiano.”
O que o poeta modernista está criticando nos parnasianos é

a) a demasiada liberdade no ato da criação, que os torna máquinas poéticas.
b) o abandono da Arte pela arte, com a criação objetiva e anti-convencional.
c) a preocupação com a perfeição formal e com o subjetivismo.
d) o formalismo e a impessoalidade comuns em seus textos.
e) o exagero na expressão das emoções, apesar da criação poética mecânica.

22) ) (PUC-RS-2000)
“Tu, artista, com zelo, Esmerilha e
investiga!Níssia, o melhor modeloVivo, oferece, da beleza
antiga.Para esculpi-la, em vão, árduos, no meioDe
esbraseada arena,Batem-se, quebram-se em fatal
torneio,Pincel, lápis, buril, cinzel e pena.”[...]

O trecho evidencia tendências ___________ , na medida em que ______________ o rigor formal e utiliza-se de imagens _____________.

a) românticas - neutraliza - abstratas
b) arcades - valoriza - concretas
c) parnasianas - exalta - mitológicas
d) simbolistas - busca - cotidianas
e) barrocas - evita - bucolismo

23) (FMTM-2003) Para responder a esta questão, considere os versos.

Longe do estéril turbilhão da rua,
Beneditino, escreve! No aconchego,
Do claustro, na paciência e no sossego,
Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!
Mas que na forma se disfarce o emprego
Do esforço; e a trama viva se construa
De tal modo, que a imagem fique nua,
Rica mas sóbria, como um templo grego.

Pelas características desse texto, é correto afirmar que pertence à estética:

a) arcadismo; seu tema é a entrega às sensações geradas pela poesia; o trabalho do poeta é suscitar imagens fortes.
b) romântica; seu tema é a evasão no espaço; o trabalho do poeta é visto como extravasamento da emoção.
c) parnasiana; seu tema é a própria poesia; o trabalho do poeta é visto como busca da perfeição formal.
d) modernista; seu tema é a agitação da vida moderna; o trabalho do poeta é visto como registro dessa agitação.
e) barroca; seu tema é a religiosidade; o trabalho do poeta é visto como sacrifício.

24) (UFRS-RS) Com relação ao Parnasianismo, são feitas as seguintes afirmações.

I - Pode ser considerado um movimento anti-romântico pelo fato de retomar muitos aspectos do racionalismo clássico.
II - Apresenta características que contrastam com o esteticismo e o culto da forma.
III - Definiu-se, no Brasil, com o livro "Poesias", de Olavo Bilac, publicado em 1888.

Quais estão corretas?

a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas I e III.
d) Apenas II e III.
e) I, II e III.

25) (UFPB) A propósito da poesia parnasiana, é correto afirmar que ela:


a) caracteriza-se como forma de evocação de sentimentos e emoções.

b) revela-se no emprego de palavras de grande valor conotativo e ricas em
sugestões sensoriais.
c)  explora intensamente a cadeia fônica da linguagem, procurando associar a poesia à música.
d) faz alusões a elementos evocadores de rituais religiosos, impregnando a poesia de misticismo e espiritualidade.
e) acentua a importância da forma, concebendo a atividade poética como a habilidade no manejo do verso.

26) (PUC-RS)
“Esta de áureos relevos,
[trabalhada
De divas mãos, brilhantes copa,
[um dia,
Já de aos deuses servir como
[cansada,
Vinda do Olimpo, a um novo deus
[servia.”

A poesia que se concentra na reprodução de objeto decorativo, como exemplifica a estrofe de Alberto de Oliveira, assinala a tônica da:

a) espiritualização da vida.
b) visão do real.
c) arte pela arte.
d) moral das coisas.
e) nota do intimismo.

27) (FGV-SP) Assinale a alternativa correta a respeito do Parnasianismo.

a) A inspiração é mais importante que a técnica.
b) Culto da forma: rigor quanto às regras de versificação, ao ritmo, às rimas ricas ou raras.
c) O nome do movimento vem de um poema de Raimundo Correia.
d) Sua poesia é marcada pelo sentimentalismo.
e) No Brasil, o Parnasianismo conviveu com o Barroco.

28) Embora Olavo Bilac tenha sido considerado um dos mais típicos representantes do Parnasianismo brasileiro, em alguns de seus poemas, percebem-se características da escola romântica.
Baseando-se no texto abaixo, identifique características formais do poema de Bilac que sejam tipicamente parnasianas e aponte algum aspecto que o aproxima da estética romântica.

TERCETOS
Noite ainda, quando ela me pedia Entre dois beijos que me fosse embora, Eu, com os olhos em lágrimas, dizia:"Espera ao menos que desponte a aurora! Tua alcova é cheirosa como um ninho... E olha que escuridão há lá fora!Como queres que eu vá, triste e sozinho, Casando a treva e o frio de meu peito! Ao frio e à treva que há pelo caminho?!Ouves? é o vento! é um temporal desfeito! Não me arrojes à chuva e à tempestade! Não me exiles do vale do teu leito!Morrerei de aflição e de saudade... Espera! até que o dia resplandeça, Aquece-me com a tua mocidade!Sobre o teu colo deixa-me a cabeça Repousar, como há pouco repousava... Espera um pouco! deixa que amanheça!"- E ela abria-me os braços. E eu ficava.
(in Bilac, Olavo. ALMA INQUIETA, POESIAS. 13ª ed. São Paulo: Livr. Francisco Alves, 1928, pp. 171-72)

29) É incorreto afirmar que, no Parnasianismo:


a) a natureza é apresentada objetivamente;
b) a disposição dos elementos naturais (árvores, estrelas, céu, rios) é importante por obedecer a uma ordenação lógica;
c) a valorização dos elementos naturais torna-se mais importante que a valorização da forma do poema;
d) a natureza despe-se da exagerada carga emocional com que foi explorada em outros períodos literários;
e) as inúmeras descrições da natureza são feitas dentro do mito da objetividade absoluta, porém os melhores textos estão permeados de conotações subjetivas.

30) Sobre a poesia parnasiana, assinale o que for correto.

(01) Acima de todas as características do Parnasianismo ressalta o primado da emoção e a aparente rejeição do racionalismo.
(02) A poesia parnasiana é um ritual mágico, uma combinação alquímica de palavras de outras dimensões de existência, uma simbiose do som e do sentido.
(04) A ênfase formalista do estilo parnasiano levou-o a desprezar o assunto em função da supervalorização da técnica e, portanto, separar o sujeito criador de seu objeto criado.
(08) A ênfase na característica formal induz a associação mais analógica do que lógica entre as palavras e permite a criação do poema-prosa.
(16) O fazer artístico fundamenta-se na "transpiração", ou seja, no cuidado com a linguagem, a forma, a lapidação e o refinamento do texto.

31) O Parnasianismo pode ser descrito como um movimento:

( ) essencialmente poético, que reagiu ao sentimentalismo romântico.
( ) cuja poesia é, sobretudo, forma que se sobrepõe ao conteúdo e às idéias.
( ) cuja arte tinha um sentido utilitário e um compromisso social.
( ) cuja verdade residia na beleza da obra, e essa, na sua perfeição formal.
( ) que revela preferência pela objetividade, pelos temas greco-latinos e por formas fixas, como o soneto.

32) O Arcadismo (no século XVIII) e o Parnasianismo (em fins do século XIX) apresentam, em sua caracterização, pontos em comum. São eles:

a) bucolismo e busca da simplicidade de expressão.
b) amor galante e temas pastoris.
c) ausência de subjetividade e presença da temática e da mitologia greco-latina.
d) preferência pelas formas poéticas fixas, como o soneto, e pelas rimas ricas.
e) a arte pela arte e o retorno à natureza.

33)  (ENEM-2013) 

Mal secreto

Se a cólera que espuma, a dor que mora 
N’alma, e destrói cada ilusão que nasce, 
Tudo o que punge, tudo o que devora 
O coração, no rosto se estampasse; 
Se se pudesse, o espírito que chora, 
Ver através da máscara da face, 
Quanta gente, talvez, que inveja agora 
Nos causa, então piedade nos causasse! 
Quanta gente que ri, talvez, consigo 
Guarda um atroz, recôndito inimigo, 
Como invisível chaga cancerosa! 
Quanta gente que ri, talvez existe, 
Cuja ventura única consiste 
Em parecer aos outros venturosa!
CORREIA, R. In: PATRIOTA, M. Para compreender Raimundo Correia. Brasília: Alhambra, 1995.

Coerente com a proposta parnasiana de cuidado formal e racionalidade na condução temática, o soneto de Raimundo Correia reflete sobre a forma como as emoções do indivíduo são julgadas em sociedade. Na concepção do eu lírico, esse julgamento revela que

A) a necessidade de ser socialmente aceito leva o indivíduo a agir de forma dissimulada.
B) o sofrimento íntimo torna-se mais ameno quando compartilhado por um grupo social.
C) a capacidade de perdoar e aceitar as diferenças neutraliza o sentimento de inveja.
D) o instinto de solidariedade conduz o indivíduo a apiedar-se do próximo.
E) a transfiguração da angústia em alegria é um artifício nocivo ao convívio social.


Gabarito:

1) E          2) D          3) B          4) A            5) A         6) A
7) Ao analisarmos o poema em questão, sobretudo no que se refere à estética, constatamos, evidentemente, que se trata de um soneto, composto por dois quartetos (estrofes com quatro versos) e dois tercetos (estrofes com três versos). Aspecto esse que simbolizou uma das principais características da estética em questão – o retorno aos moldes clássicos, mais precisamente à Antiguidade clássica. Outro aspecto, que também demonstra essa preocupação com o culto à forma, diz respeito à posição das rimas, uma vez dispostas de forma cruzada, com bem nos demonstra os versos:
Fino artista chinês, enamorado,(a)
Nele pusera o coração doentio (b)
Em rubras flores de um sutil lavrado, (a)
Na tinta ardente, de um calor sombrio. (b)
Bem ao gosto parnasianista, temos a linguagem, uma vez representada no poema como uma espécie de trabalho de ourivesaria, adornada, trabalhada, rica, voltada para um intenso preciosismo linguístico. O fato de a poesia não expressar nenhuma representatividade para o poeta, ele mesmo, dotado de uma impassibilidade nítida, parece se mostrar alheio, neutro à realidade a qual pinta, mesmo porque faz uso de um objeto (ora representado pelo vaso) para representar uma visão acerca do universo propriamente dito, aspecto esse materializado por meio dos seguintes versos:
Estranho mimo aquele vaso! Vi-o,
Casualmente, uma vez, de um perfumado
Contador sobre o mármore luzidio,
Entre um leque e o começo de um bordado.

8) D    9) B   10) C   11) E   12) C   13) E    14) C   15) B    16) E   17) C    18) D   19) C   20) B
21) D    22 ) C   23) C    24) C     25) E    26) C    27) B     
28) Com relação ao Parnasianismo: há no poema um rigor métrico e rítmico.
Com relação ao Romantismo: os versos estão cheios de sentimento e de emoção.
29) C        30) (4 + 16 = 20)      31) V V F V V     32) C     33) A

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