quarta-feira, 3 de julho de 2019

Morfologia (Formação de palavras) - Exercícios com gabarito

1) (Cesgranrio-1995) Os vocábulos "aprimorar" e "encerrar" classificam-se, quanto ao processo de formação de palavras, respectivamente, em:
a) parassíntese / prefixação.
b) parassíntese / parassíntese.
c) prefixação / parassíntese.
d) sufixação / prefixação e sufixação.
e) prefixação e sufixação / prefixação.

2) (Cesgranrio-1994) 1 A fisionomia da sociedade brasileira neste final de século está irreconhecível. A violência e a crueldade viraram fenômenos de massa. Antes, e até há não muito tempo, elas apareciam como sintoma de patologias individuais. Os "monstros" - um estuprador e assassino de crianças, uma mulher que esquartejou o amante - eram motivo de pasmo e horror para uma comunidade onde a violência ficava confinada a um escaninho de modestas proporções. Hoje, é uma guerrilha e faz parte do nosso cotidiano.
2 Em pouco tempo a imagem do Brasil, para uso externo e sobretudo para si mesmo, ficou marcada pela reiteração rotineira da crueldade. A onda não é o simples homicídio, é o massacre. E, para não ficarmos no saudosismo dos anos dourados, ressurge uma forma de massacre que tem raízes históricas profundas: o genocídio, essa mancha na formação de uma nacionalidade argamassada pelo sangue de índios e negros.
3 Os episódios brutais estão aí. (...)
4 A violência costuma ser associada à urbanização maciça, que gera miséria, desordem e conflitos.
5 Não vamos procurar desculpa invocando símiles de outros países - no Peru, na Bósnia ou onde quer que seja. Estamos dizendo "adeus" ao mito da cordialidade brasileira, da "índole pacífica do nosso povo". Estamos transformados - irreconhecíveis. Convertida em face do monstro, desfigurou-se a nossa fisionomia de povo folgazão, inzoneiro, que tem como símbolos o carnaval, o samba e o futebol. (...)
6 A miséria e a fome do povo são um caldo de cultura a favorecer a disseminação da violência, que se torna balcão de comércio nas mãos de empresários inescrupulosos.
Moacir Werneck de Castro.Jornal do Brasil, 28/08/93, p. 11.
No texto, encontram-se os vocábulos "PATOlogias " (1º parágrafo) e "GENOcídio" (2° parágrafo) cujos radicais estão escritos em maiúsculo, significam, respectivamente:
a) doença - raça.
b) semelhança - matança.
c) estudo - multidão.
d) raça - mulher.
e) cura - joelho.

3) (Covest-1997) Quanto à formação de palavras:
Assinale V ou F.
( ) Preconceito é formação prefixal.
( ) Pluralismo e fragilidade são formações sufixais.
( ) Incontroverso, individual e interna são formadas com o prefixo latino in , com sentido de negação.
( ) Ampliação, repetência, preparação e cidadania são substantivos formados a partir de formas verbais.
( ) Em fragilizar, modernizar e democratizar o sufixo " izar" forma verbos a partir de adjetivos.

4) (Faap-1996) IMÓVEL (in + móvel), processo de formação de palavra a que chamamos:
a) composição por aglutinação.
b) composição por justaposição.
c) derivação prefixal.
d) derivação sufixial.
e) parassintetismo.

5) (Faap-1997) Foram-se embora. EMBORA (em + boa + hora) - processo de formação de palavras:
a) composição por justaposição.
b) composição por aglutinação.
c) derivação prefixial.
d) derivação sufixial.
e) parassintetismo.

6) (Faap-1997) Ao crítico deu ele o RONROM.
O processo pela qual se formou a palavra grifada:
a) derivação prefixial.
b) derivação parassintética.
c) regressiva.
d) composição por aglutinação.
e) onomatopéia.

7) (FEI-1997) Assinale a alternativa em que NEM TODAS as palavras apresentem sufixo de grau diminutivo:
a) poemeto, maleta.
b) rapazola, bandeirola.
c) viela, ruela.
d) lugarejo, vilarejo.
e) menininho, carinho.

8) (FGV-2002) O rápido e grande avanço observado no ambiente da produção, por meio do surgimento de novas estratégias de manufatura, impôs mudanças profundas na forma de produzir. Uma das técnicas mais atingidas por essas mudanças é a que se refere ao gerenciamento de custos.
Até os anos 70, as despesas diretas de mão-de-obra e material respondiam pela quase totalidade dos custos totais. Despesas indiretas, como qualidade, controle de produção, compras etc., representavam uma pequena proporção desses custos. Em decorrência, os métodos tradicionais de alocação das despesas indiretas recomendavam, por uma questão de simplificação,meramente ratear tais despesas, com base em critérios pouco complexos.
Entretanto, a estrutura de custos dos produtos vem alterando-se muito nos últimos tempos. Antes, as despesas indiretas representavam apenas algo em torno de 5% dos custos; hoje, já alcançam valores médios superiores a 35%, havendo casos de empresas em que elas podem atingir 70%.
Por outro lado, no passado, os custos de medição das despesas eram elevados, e a diversificação dos produtos, pequena. Hoje, com o avanço tecnológico, os custos de medição estão menores e permitem apuração mais precisa. Nos tempos atuais, também a diversidade de produtos e serviços vem crescendo devido à tendência de se procurar atingir uma operação que atenda aos clientes com produtos e serviços personalizados. Essas considerações permitem afirmar que o sistema tradicional de levantamento de custos tornou-se inadequado.
(Adaptado de COGAN, Samuel. São Paulo: RAE - Revista de Administração de Empresas, volume 39, número 2, abril-junho de 1999, p. 47)
Na relação entre verbos e substantivos, é comum que, a partir dos primeiros, formem-se os segundos, com a introdução de sufixos. Isso acontece, por exemplo, entre balancear e balanceamento, curtir e curtição. Não obstante, entre manufaturar e manufatura (segunda linha do texto), o processo é diferente.
Encontre no texto outro substantivo cuja formação seja semelhante à de manufatura.
a) Estratégias.
b) Totalidade.
c) Mudanças.
d) Avanço.
e) Despesa.

9) (FGV-2002) Cada uma das palavras a seguir apresenta separação silábica em um ponto. Assinale a alternativa em que não haja erro de separação.
a) Transatlân-tico, in-terestadual, refei-tório, inex-cedível
b) Trans-atlântico, o-pinião, inter-estadual, refeitó-rio
c) Trans-atlântico, opi-nião, interestadu-al, in-excedível
d) Transa-tlântico, opini-ão, interestadu-al, in-excedível
e) Transatlânti-co, inter-estadual, re-feitório, inexce-dível

10) (FGV-2002) Um cachorro de maus bofes acusou uma pobre ovelhinha de lhe haver furtado um osso.
- Para que furtaria eu esse osso - ela - se sou herbívora e um osso para mim vale tanto quanto um pedaço de pau?
- Não quero saber de nada. Você furtou o osso e vou levá-la aos tribunais.
E assim fez.
Queixou-se ao gavião-de-penacho e pediu-lhe justiça. O gavião reuniu o tribunal para julgar a causa, sorteando para isso doze urubus de papo vazio.
Comparece a ovelha. Fala. Defende-se de forma cabal, com razões muito irmãs das do cordeirinho que o lobo em tempos comeu.
Mas o júri, composto de carnívoros gulosos, não quis saber de nada e deu a sentença:
- Ou entrega o osso já e já, ou condenamos você à morte!
A ré tremeu: não havia escapatória!... Osso não tinha e não podia, portanto, restituir; mas tinha vida e ia entregá-la em pagamento do que não furtara.
Assim aconteceu. O cachorro sangrou-a, espostejou-a, reservou para si um quarto e dividiu o restante com os juízes famintos, a título de custas…
(Monteiro Lobato. Fábulas e Histórias Diversas)
O adjetivo referente ao substantivo Espanha assume, por vezes, forma latina que pode ser notada em sua grafia. No texto lido, ocorre fenômeno semelhante com uma palavra. Identifique-a e explique esse fenômeno.

11) (FGV-2002) Um cachorro de maus bofes acusou uma pobre ovelhinha de lhe haver furtado um osso.
- Para que furtaria eu esse osso - ela - se sou herbívora e um osso para mim vale tanto quanto um pedaço de pau?
- Não quero saber de nada. Você furtou o osso e vou levá-la aos tribunais.
E assim fez.
Queixou-se ao gavião-de-penacho e pediu-lhe justiça. O gavião reuniu o tribunal para julgar a causa, sorteando para isso doze urubus de papo vazio.
Comparece a ovelha. Fala. Defende-se de forma cabal, com razões muito irmãs das do cordeirinho que o lobo em tempos comeu.
Mas o júri, composto de carnívoros gulosos, não quis saber de nada e deu a sentença:
- Ou entrega o osso já e já, ou condenamos você à morte!
A ré tremeu: não havia escapatória!... Osso não tinha e não podia, portanto, restituir; mas tinha vida e ia entregá-la em pagamento do que não furtara.
Assim aconteceu. O cachorro sangrou-a, espostejou-a, reservou para si um quarto e dividiu o restante com os juízes famintos, a título de custas…
(Monteiro Lobato. Fábulas e Histórias Diversas)
O que significa, no texto, a forma verbal espostejou? Explique o processo de formação desse verbo.

12) (FGV-2001) Assinale a alternativa em que se observe o mesmo processo de formação de palavras que ocorre em empobrecer.
a) Apogeu.
b) Apelar.
c) Circular.
d) Crucifixo.
e) Apedrejar.

13) (FGV-2003) Leia o fragmento abaixo, do conto A cartomante de Machado de Assis. Depois, responda às perguntas.
“Separaram-se contentes, ele ainda mais que ela. Rita estava certa de ser amada; Camilo, não só o estava, mas via-a estremecer e arriscar-se por ele, correr às cartomantes, e, por mais que a repreendesse, não podia deixar de sentir-se lisonjeado. A casa do encontro era na antiga Rua dos Barbonos, onde morava uma comprovinciana de Rita. Esta desceu pela Rua das Mangueiras na direção de Botafogo, onde residia; Camilo desceu pela da Guarda Velha, olhando de passagem para a casa da cartomante.”
Qual é o significado de comprovinciana no texto? Explique, da perspectiva etimológica, como se pode chegar à conclusão de que o sentido é esse.

14) (FGV-2004) Assinale a alternativa em que sejam usados radicais ou prefixos - gregos ou latinos - correspondentes, respectivamente, aos seguintes sentidos:
dentro, duplicidade, em torno de, contra, metade, movimento para dentro, flor, livro, vida.
a) Endoscópio, anfíbio, circunlóquio, antibiótico, hemiciclo, introspecção, antologia, bibliografia, biografia.
b) Intramuscular,anfibologia, circunavegação, contraprova, semicírculo, internato, filósofo, biblioteca, biosfera.
c) Endoscópio, cosmopolita, circundar, antihigiênico, semidespido, introspecção, antologia, bibliografia, biografia.
d) Interface, ambidestro, circundar, antônimo, semiólogo, anteparo, biblioteca, biografia.
e) Endoscópio, ambivalente, circunavegar, antepasto, seminal, introspecção, antologia, bibliografia, biografia.

15) (Fuvest-2002) A característica da relação do adulto com o velho é a falta de reciprocidade que se pode traduzir numa tolerância sem o calor da sinceridade.Não se discute com o velho, não se confrontam opiniões com as dele, negando-lhe a oportunidade de desenvolver o que só se permite aos amigos: a alteridade, a contradição, o afrontamento e mesmo o conflito. Quantas relações humanas são pobres e banais porque deixamos que o outro se expresse de modo repetitivo e porque nos desviamos das áreas de atrito, dos pontos vitais, de tudo o que em nosso confronto pudesse causar o crescimento e a dor! Se a tolerância com os velhos é entendida assim, como uma abdicação do diálogo, melhor seria dar-lhe o nome de banimento ou discriminação.
(Ecléa Bosi, Memória e sociedade - Lembranças de velhos)
O termo alteridade liga-se, pelo radical e pelo sentido, a uma palavra que aparece no trecho:
a) falta de reciprocidade.
b) não se confrontam opiniões.
c) que o outro se expresse.
d) nos desviamos das áreas de atrito.
e) abdicação do diálogo.

16) (Fuvest-2001) Só os roçados da morte
compensam aqui cultivar,
e cultivá-los é fácil:
simples questão de plantar;
não se precisa de limpa,
de adubar nem de regar;
as estiagens e as pragas
fazem-nos mais prosperar;
e dão lucro imediato;
nem é preciso esperar
pela colheita: recebe-se
na hora mesma de semear.
(João Cabral de Melo Neto, Morte e vida severina)
O mesmo processo de formação da palavra sublinhada em “não se precisa de limpa” ocorre em:
a) “no mesmo ventre crescido”.
b) “iguais em tudo e na sina”.
c) “jamais o cruzei a nado”.
d)“na minha longa descida”.
e)“todo o velho contagia”.

17) (Fuvest-2001) A gente via Brejeirinha: primeiro, os cabelos, compridos, lisos, louro-cobre; e, no meio deles, coisicas diminutas: a carinha não-comprida, o perfilzinho agudo, um narizinho que-carícia. Aos tantos, não parava, andorinhava, espiava agora - o xixixi e o empapar-se da paisagem - as pestanas til-til. Porém, disse-se-dizia ela, pouco se vê, pelos entrefios: - “Tanto chove, que me gela!”
(Guimarães Rosa, “Partida do audaz navegante”, Primeiras estórias)
a) Os diminutivos com que o narrador caracteriza a personagem traduzem também sua atitude em
relação a ela. Identifique essa atitude, explicando-a brevemente.
b) “Andorinhava” é palavra criada por Guimarães Rosa. Explique o processo de formação dessa palavra. Indique resumidamente o sentido dessa palavra no texto.

18) (Fuvest-2002) E não há melhor resposta
que o espetáculo da vida:
vê-la desfiar seu fio,
que também se chama vida,
ver a fábrica que ela mesma,
teimosamente, se fabrica,
vê-la brotar como há pouco
em nova vida explodida;
mesmo quando é assim pequena
a explosão, como a ocorrida;
mesmo quando é uma explosão
como a de há pouco, franzina;
mesmo quando é a explosão
de uma vida severina.
(João Cabral de Melo Neto, Morte e vida severina)
a) A fim de obter um efeito expressivo, o poeta utiliza, em a fábrica e se fabrica, um substantivo e um verbo que têm o mesmo radical.
Cite da estrofe outro exemplo desse mesmo recurso expressivo.
b) A expressividade dos seis últimos versos decorre, em parte, do jogo de oposições entre palavras.
Cite desse trecho um exemplo em que a oposição entre as palavras seja de natureza semântica.

19) (Fuvest-2000) A explosão dos computadores pessoais, as “infovias”, as grandes redes - a Internet e a World Wide Web - atropelaram o mundo. Tornaram as leis antiquadas, reformularam a economia, reordenaram prioridades, redefiniram os locais de trabalho, desafiaram constituições, mudaram o conceito de realidade e obrigaram as pessoas a ficar sentadas, durante longos períodos de tempo, diante de telas de computadores, enquanto o CD-Rom trabalha. Não há dúvida de que vivemos a revolução da informação e, diz o professor do MIT, Nicholas Negroponte, revoluções não são sutis.
(Jornal do Brasil, 13/02/96)
As aspas foram usadas em “infovias” pela mesma razão por que foram usadas em:
a) Mesmo quando a punição foi confirmada, o “Alemão”, seu apelido no Grêmio, não esmoreceu.
b) ... fica fácil entender por que há cada vez mais pessoas preconizando a “fujimorização” do Brasil.
c) o Paralamas, que normalmente sai “carregado” de prêmios, só venceu em edição.
d) A renda média “per capita” da América latina baixou para 25% em 1995.
e) A torcida gritava “olé” a cada toque de seus jogadores.

20) (Fuvest-2000) Um dos recursos expressivos de Guimarães Rosa consiste em deslocar palavras da classe gramatical a que elas pertencem.
Destas frases de “Sorôco, sua mãe, sua filha”, a única em que isso NÃO ocorre é:
a) “... os mais detrás quase que corriam. Foi o de não sair mais da memória”.
b) “... não queria dar-se em espetáculo, mas representava de outroras grandezas”.
c) “... mas depois puxando pela voz ela pegou a cantar”.
d) “... sem jurisprudência, de motivo nem lugar, nenhum, mas pelo antes, pelo depois”.
e) “... ela batia com a cabeça, nos docementes”.

21) (Fuvest-2000) Sinha Vitória falou assim, mas Fabiano resmungou, franziu a testa, achando a frase extravagante. Aves matarem bois e cabras, que lembrança! Olhou a mulher, desconfiado, julgou que ela estivesse tresvariando.
(Graciliano Ramos, Vidas secas)
O prefixo assinalado em “tresvariando” traduz idéia de
a) substituição.
b) contigüidade.
c) privação.
d) inferioridade.
e) intensidade.

22) (Fuvest-1997) Os atuais simuladores de vôo militares estão em condições não apenas de exibir uma imagem "realista" da paisagem sobrevoada, mas também de confrontá-la com a ...... obtida dos radares.
O termo que preenche adequadamente a lacuna no texto é
a) iconologia.
b) iconoclastia.
c) iconografia.
d) iconofilia.
e) iconolatria.

23) (Fuvest-1997) "O diminutivo é uma maneira ao mesmo tempo afetuosa e precavida de usar a linguagem. Afetuosa porque geralmente o usamos para designar o que é agradável, aquelas coisas tão afáveis que se deixam diminuir sem perder o sentido. E precavida porque também o usamos para desarmar certas palavras que, por sua forma original, são ameaçadoras demais."
[Luís Fernando Veríssimo, Diminutivos]
A alternativa inteiramente de acordo com a definição do autor sobre diminutivos é:
a) O iogurtinho que vale por um bifinho.
b) Ser brotinho é sorrir dos homens e rir interminavelmente das mulheres.
c) Gosto muito de te ver, Leãozinho.
d) Essa menininha é terrível!
e) Vamos bater um papinho.

24) (Fuvest-1998) O valor semântico de des- NÃO coincide com o do par centralização/descentralização apenas em:
a) Despregar o prego foi mais difícil do que pregá-lo.
b) "Belo, belo, que vou para o Céu..." - e se soltou, para voar: descaiu foi lá de riba, no chão muito se machucou.
c) Enquanto isso ele ficava ali em Casa, em certo repouso, até a saúde de tudo se desameaçar.
d) A despoluição do rio Tietê é um repto urgente aos políticos e à população de São Paulo.
e) O governo de Israel decidiu desbloquear metade da renda de arrecadação fiscal que Israel devia à Autoridade Nacional Palestina.

25) (Fuvest-2003) Eu te amo
Ah, se já perdemos a noção da hora,
Se juntos já jogamos tudo fora,
Me conta agora como hei de partir...
Se, ao te conhecer, dei pra sonhar, fiz tantos desvarios,
Rompi com o mundo, queimei meus navios,
Me diz pra onde é que inda posso ir...
(...)
Se entornaste a nossa sorte pelo chão,
Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu...
(...)
Como, se nos amamos como dois pagãos,
Teus seios inda estão nas minhas mãos,
Me explica com que cara eu vou sair...
Não, acho que estás só fazendo de conta,
Te dei meus olhos pra tomares conta,
Agora conta como hei de partir...
(Tom Jobim - Chico Buarque)
O prefixo assinalado em “desvario” expressa
a) negação.
b) cessação.
c) ação contrária.
d) separação.
e) intensificação.

26) (Fuvest-2003) Os leitores estarão lembrados do que o compadre dissera quando estava a fazer castelos no ar a respeito do afilhado, e pensando em dar-lhe o mesmo ofício que exercia, isto é, daquele arranjei-me, cuja explicação prometemos dar. Vamos agora cumprir a promessa.
Se alguém perguntasse ao compadre por seus pais, por seus parentes, por seu nascimento, nada saberia responder, porque nada sabia a respeito. Tudo de que se recordava de sua história reduzia-se a bem pouco. Quando chegara à idade de dar acordo da vida achou-se em casa de um
barbeiro que dele cuidava, porém que nunca lhe disse se era ou não seu pai ou seu parente, nem tampouco o motivo por que tratava da sua pessoa. Também nunca isso lhe dera cuidado, nem lhe veio a curiosidade de indagá-lo.
Esse homem ensinara-lhe o ofício, e por inaudito milagre também a ler e a escrever. Enquanto foi aprendiz passou em casa do seu... mestre, em falta de outro nome, uma vida que por um lado se parecia com a do fâmulo*, por outro com a do filho, por outro com a do agregado, e que afinal não era senão vida de enjeitado, que o leitor sem dúvida já adivinhou que ele o era. A troco disso dava-lhe o mestre sustento e morada, e pagava-se do que por ele tinha já feito.
(*) fâmulo: empregado, criado
(Manuel Antônio de Almeida, Memórias de um sargento de milícias)
No excerto, temos derivação imprópria ou conversão (emprego de uma palavra fora de sua classe normal) no seguinte trecho:
a) fazer castelos no ar.
b) daquele arranjei-me.
c) dar acordo da vida.
d) nem tampouco o motivo.
e) por inaudito milagre.

27) (Fuvest-2005) Sobre o emprego do gerúndio em frases como “Nós vamos estar analisando os seus dados e vamos estar dando um retorno assim que possível”, um jornalista escreveu uma crônica intitulada “Em 2004, gerundismo zero!”, da qual extraímos o seguinte trecho:
Quando a teleatendente diz: “O senhor pode estar aguardando na linha, que eu vou estar transferindo a sua ligação”, ela pensa que está falando bonito. Por sinal, ela não entende por que “eu vou estar transferindo” é errado e “ela está falando bonito” é certo.
a) Você concorda com a afirmação do jornalista sobre o que é certo e o que é errado no emprego do gerúndio? Justifique sucintamente sua resposta.
b) Identifique qual de seus vários sentidos assume o sufixo empregado na formação da palavra “gerundismo”. Cite outra palavra em que se utiliza o mesmo sufixo com esse mesmo sentido.

28) (FVG - SP-2007)
Pastora de nuvens, fui posta a serviço por uma campina tão desamparada que não principia nem também termina, e onde nunca é noite e nunca madrugada.
(Pastores da terra, vós tendes sossego, que olhais para o sol e encontrais direção. Sabeis quando é tarde, sabeis quando é cedo. Eu, não.)
Cecilia Meireles
Esse trecho faz parte de um poema de Cecília Meireles, intitulado Destino, uma espécie de profissão de fé da autora.
A palavra desamparada é formada por
a) derivação prefixal e sufixal.
b) derivação prefixal.
c) derivação parassintética.
d) composição por aglutinação.
e) composição por justaposição.

29) (IBMEC-2006) A busca da felicidade
Ser feliz é provavelmente o maior desejo de todo ser humano. Na prática, ninguém sabe definir direito a palavra felicidade. Mas todos sabem exatamente o que elasignifica. Nos últimos tempos, psicólogos, neurocientistas e filósofos têm voltado sua atenção de modo sistemático para esse tema que sempre fascinou, intrigou e desafiou a humanidade.
As últimas conclusões a que eles chegaram são o tema de uma densa reportagem escrita pelo redator-chefe de ÉPOCA, David Cohen, em parceria com a editora Aida Veiga. O texto, conduzido com uma dose incomum de bom humor, inteligência e perspicácia, contradiz várias noções normalmente tidas como verdade pela maior parte das pessoas. A felicidade, ao contrário do que parece, não é mais fácil para os belos e ricos.
A maioria dos prazeres ao alcance daqueles que possuem mais beleza ou riqueza tem, segundo as pesquisas, um impacto de curtíssima duração. Depois de usufruí-los, as pessoas retornam a seu nível básico de satisfação com a vida. Por isso, tanta gente parece feliz à toa, enquanto tantos outros não perdem uma oportunidade de reclamar da existência.
Mesmo quem passa por experiências de impacto decisivo, como ganhar na loteria ou perder uma perna, costuma voltar a seu estado natural de satisfação. Seria então a felicidade um dado da natureza, determinado exclusivamente pelo que vem inscrito na carga genética? De acordo com os estudos, não é bem assim. Muitas práticas vêm tendo sua eficácia comprovada para tornar a vida mais feliz: ter amigos, ter atividades que exijam concentração e dedicação completas, exercer o controle sobre a própria vida, ter um sentido de gratidão para com as coisas ou pessoas boas que apareçam, cuidar da saúde, amar e ser amado. Uma das descobertas mais fascinantes dos pesquisadores é que parece não adiantar nada ir atrás de todas as conquistas que, segundo julgamos, nos farão mais felizes. Pelo contrário, é o fato de sermos mais felizes que nos ajuda a conquistar o que desejamos.
Nada disso quer dizer que os cientistas tenham descoberto a fórmula mágica nem que tenha se tornado fácil descobrir a própria felicidade. Olhando aqui de fora, até que David e Aida parecem felizes com o resultado do trabalho que fizeram. Agora, é esperar que esse resultado também ajude você a se tornar mais feliz.
(Gurovitz, Hélio. Revista ÉPOCA. Editora Globo, São Paulo. Número 412, 10 de abril de 2006, p. 6)
Sobre a palavra felicidade é correto afirmar que:
a) É um substantivo abstrato formado por derivação sufixal e composto por dez letras e dez fonemas.
b) É um substantivo derivado formado por derivação imprópria e composto por dez letras e cinco fonemas.
c) É um adjetivo formado por derivação imprópria e composto por dez letras e dez fonemas.
d) É um adjetivo formado por derivação progressiva e composta por dez letras e dez fonemas.
e) É um substantivo comum formado por derivação parassintética e composto por dez letras e nove fonemas.

30) (IME-1996) Nas frases a seguir há erros ou impropriedades. Reescreva-as e justifique a correção
a) "Não se conseguiu apurar o motivo porque a atriz se divorciou."
b) "O milionário dispendeu milhares de dólares com aquela propaganda."

31) (ITA-1995) As questões a seguir referem-se ao texto adiante. Analise-as e assinale, para cada uma, a alternativa incorreta.
Hino Nacional
Carlos Drummond de Andrade
Precisamos descobrir o Brasil!
Escondido atrás das florestas,
com a água dos rios no meio,
o Brasil está dormindo, coitado.
05precisamos colonizar o Brasil.
Precisamos educar o Brasil.
Compraremos professores e livros,
Assimilaremos finas culturas,
abriremos 'dancings' e
subconvencionaremos as elites.
10 que faremos importando francesas
muito louras, de pele macia
alemãs gordas, russas nostálgicas para
'garconettes'dos restaurantes noturnos.
E virão sírias fidelíssimas.
15Não convém desprezar as japonesas...
Cada brasileiro terá sua casa
com fogão e aquecedor elétricos, piscina,
salão para conferências científicas.
E cuidaremos do Estado Técnico.
20Precisamos louvar o Brasil.
Não é só um país sem igual.
Nossas revoluções são bem maiores
do que quaisquer outras; nossos erros
[também.
E nossas virtudes? A terra das sublimes
[paixões...
25os Amazonas inenarráveis... os incríveis
[João-Pessoas...
Precisamos adorar o Brasil!
Se bem que seja difícil caber tanto oceano
[e tanta solidão
no pobre coração já cheio de
[compromissos...
se bem que seja difícil compreender o que
[querem esses homens,
30por que motivo êles se ajuntaram e qual a
[razão de seus sofrimentos.
Precisamos, precisamos esquecer o Brasil!
Tão majestoso, tão sem limites, tão
[despropositado,
êle quer repousar de nossos terríveis
[carinhos.
O Brasil não nos quer! Está farto de nós!
35Nosso Brasil é o outro mundo. Êste não é o
[Brasil.
Nenhum Brasil existe. E acaso existirão os
[brasileiros?
a) 'Escondido'(verso 2) pode ser substituído por 'olvidado', embora modifique o sentido.
b) 'fidelíssimo'(verso 14) tem o mesmo radical de 'fidelidade' e de 'fidedígno'.
c) 'Piscina'(verso 17) tem o mesmo radical de 'piscicultura'.
d) 'Bem'(verso 27) tem valor de superlativo.
e) O texto não foi transcrito em obediência à ortografia vigente.

32) (ITA-2003) Durante a Copa do Mundo deste ano, foi veiculada, em programa esportivo de uma emissora de TV, a notícia de que um apostador inglês acertou o resultado de uma partida, porque seguiu os prognósticos de seu burro de estimação. Um dos comentaristas fez, então, a seguinte observação: “Já vi muito comentarista burro,mas burro comentarista é a primeira vez.”
Percebe-se que a classe gramatical das palavras se altera em função da ordem que elas assumem na expressão.
Assinale a alternativa em que isso NÃO ocorre:
a) obra grandiosa
b) jovem estudante
c) brasileiro trabalhador
d) velho chinês
e) fanático religioso

33) (Mack-1998) Assinale a alternativa incorreta.
a) Panteísmo significa o ato de comer indistintivamente qualquer tipo de alimento.
b) Xenofobia significa horror a estrangeiros.
c) Sincrônico significa o que é relativo a fatos simultâneos.
d) Oligarquia significa o governo de poucos, pertencentes a um mesmo grupo.
e) Fotofobia significa horror à luz.

34) (Mack-2004) O trovador
Sentimentos em mim do asperamente
dos homens das primeiras eras ...
As primaveras de sarcasmo
intermitentemente no meu coração arlequinal ...
Intermitentemente ...
Outras vezes é um doente, um frio
na minha alma doente como um longo som redondo ...
Cantabona! Cantabona!
Dlorom ...
Sou um tupi tangendo um alaúde!
Mário de Andrade
Obs.: alaúde - instrumento de cordas, com larga difusão na Europa, da Idade Média ao Barroco.
Assinale a afirmativa correta.
a) As palavras alaúde e “túnel” recebem acento gráfico pela mesma razão.
b) Nas palavras trovador e asperamente, observa-se processo de derivação sufixal.
c) No último verso, tangendo um alaúde equivale a uma oração adverbial condicional se tange um alaúde.
d) As reticências usadas no texto têm a função de evidenciar o tom irônico do poema.
e) Em arlequinal e “cafezal”, o sufixo “al” tem o mesmo sentido.

35) (Mack-2007) Curiosa palavra. Idoso. O que acumulou idade. Também tem o sentido de quem se apega à idade. Ou que a esbanja (como gostoso ou dengoso). Se é que não significa alguém que está indo, alguém em processo de ida. Em contraste com os que ficam, os ficosos...
Preciso começar a agir como um idoso. Dizem que, entre eles, idoso não fala em quem chega à velhice como alguém que está à beira do túmulo. Dizem que está na zona de rebaixamento. Vou ter que aprender o jargão da categoria.
Luís Fernando Veríssimo
O texto propõe diferentes possibilidades de sentido para o sufixo –oso.
A partir dessas possibilidades, considere as seguintes afirmações:
I. “Glorioso” exemplifica o emprego do sufixo em palavras que fazem referência a quem acumulou algo.
II. “Nervoso” exemplifica o sentido de “indivíduo apegado a algo”.
III. Seguindo a lógica do neologismo apresentado pelo autor, “chegosos” poderia ser um termo aplicado aos recém-nascidos.
Assinale:
a) se apenas I e II estiverem corretas.
b) se apenas II e III estiverem corretas.
c) se apenas I e III estiverem corretas.
d) se I, II e III estiverem corretas.
e) se I, II e III estiverem incorretas.

36) (PUC-SP-2003) ATEMOYA
É um híbrido da fruta-do-conde (Annona squamosa) com outra variedade do mesmo gênero a cherimoya (Annona cherimolia), originária dos Andes. O primeiro cruzamento foi feito em 1908 pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, em Miami. As frutas resultantesreceberam o nome de atemoya, uma combinação de “ate”, nome mexicano da fruta-do-conde, e “moya” de cherimoya. Passado quase um século, a atemoya ainda é desconhecida da maioria dos brasileiros.
No país, as primeiras mudas foram plantadas em Taubaté, nos anos 60. As variedades cultivadas aqui são em especial a Thompson, a Genifer e a African Pride. É plantada em São Paulo, sul de Minas, norte do Paraná, Espírito Santo e Rio de Janeiro. É cultivada em grande escala no Chile. Também a produzem Estados Unidos, Israel, Austrália e Nova Zelândia. [...] Os frutos, cônicos ou em forma de coração, em geral têm 10 centímetros de comprimento por 9,5 de largura. Sua casca continua verde mesmo depois de maduros. A polpa, dividida em segmentos e com poucas sementes, é branca, perfumada, cremosa, macia, com textura fina. [...] O sabor da atemoya lembra papaia, banana, manga, maracujá, limão e abacaxi, com consistência de sorvete, o que faz dela uma sobremesa pronta. Com sua polpa se preparam os mesmos pratos feitos com cherimoya: musses, sorvetes, recheios para tortas, salada de fruta. Pode ser ingrediente de bebidas como coquetel de frutas e drinques.
Neide Rigo, nutricionista. CARAS, 13 set. 2002.
Recheio, fruta-do-conde e cruzamento - palavras retiradas do texto - passaram, respectivamente,
pelos seguintes processos de formação:
a) hibridismo, derivação sufixal e composição.
b) derivação prefixal, composição e derivação sufixal.
c) derivação prefixal, hibridismo e derivação sufixal.
d) hibridismo, derivação sufixal e derivação prefixal.
e) derivação sufixal, hibridismo e composição.

37) (PUC-SP-2005) Estradas de Rodagem
Comparados os países com veículos, veremos que os Estados Unidos são uma locomotiva elétrica; a Argentina um automóvel; o México uma carroça; e o Brasil um carro de boi.
O primeiro destes países voa; o segundo corre a 50 km por hora; o terceiro apesar das revoluções tira 10 léguas por dia; nós...
Nós vivemos atolados seis meses do ano, enquanto dura a estação das águas, e nos outros 6 meses caminhamos à razão de 2 léguas por dia. A colossal produção agrícola e industrial dos americanos voa para os mercados com a velocidade média de 100 km por hora. Os trigos e carnes argentinas afluem para os portos em autos e locomotivas que uns 50 km por hora, na certa, desenvolvem.
As fibras do México saem por carroças e se um general revolucionário não as pilha em caminho, chegam a salvo com relativa presteza. O nosso café, porém, o nosso milho, o nosso feijão e a farinha entram no carro de boi, o carreiro despede-se da família, o fazendeiro coça a cabeça e, até um dia!. Ninguém sabe se chegará, ou como chegará. Às vezes pensa o patrão que o veículo já está de volta, quando vê chegar o carreiro. Então? Foi bem de viagem?
O carreiro dá uma risadinha. Não vê que o carro atolou ali no Iriguaçu e... E o quê? ... e está atolado! Vim buscar mais dez juntas de bois para tirar ele.
E lá seguem bois, homens, o diabo para desatolar o carro. Enquanto isso, chove, a farinha embolora, a rapadura derrete, o feijão caruncha, o milho grela; só o café resiste e ainda aumenta o peso.
(LOBATO, M. Obras Completas, 14ª ed., São Paulo, Brasiliense, 1972, v. 8, p.74)
As palavras desatolar, velocidade, carroça e carreiro são formadas, respectivamente, por meio dos seguintes processos:
a) prefixação, sufixação, sufixação, parassíntese.
b) sufixação, sufixação, prefixação, prefixação/sufixação.
c) prefixação, sufixação, sufixação, sufixação.
d) parassíntese, sufixação, sufixação, parassíntese.
e) parassíntese, prefixação/sufixação, sufixação, sufixação.

38) (UDESC-1998) Assinale a alternativa INCORRETA:
a) O vocábulo invejoso é formado por derivação parassintética.
b) Em viajaram-ram corresponde a uma desinência verbal.
c) Em auto-estima o hífen é obrigatório, como em contra-cheque e extra-oficial.
d) A frase A publicidade suscita invejas ficaria, na voz passiva, Invejas são suscitadas pela publicidade.
e) As palavras sobretudo, ressaltar e inimigo são formadas por derivação prefixal; os prefixos latinos significam, respectivamente, posição superior, repetição e negação.

39) (UECE-2007) A PEDREIRA
Daí à pedreira, restavam apenas uns cinqüenta passos e o chão era já todo coberto por uma farinha de pedra moída que sujava como a cal.
Aqui, ali, por toda a parte, encontravam-se trabalhadores, uns ao sol, outros debaixo de pequenas barracas feitas de lona ou de folha de palmeira. De um lado cunhavam pedra cantando; de outro a quebravam a picareta; de outro afeiçoavam lajedos a ponta de picão; mais adiante faziam paralelepípedos a escopro e macete. E todo aquele retintim de ferramentas, e o martelar da forja, e o corpo dos que lá em cima brocavam a rocha para lançar-lhe fogo, e a surda zoada ao longe, que vinha do cortiço, como de uma aldeia alarmada; tudo dava a idéia de uma atividade feroz, de uma luta de vingança e de ódio. Aqueles homens gotejantes de suor, bêbedos de calor, desvairados de insolação, a quebrarem, a espicaçarem, a torturarem a pedra, pareciam um punhado de demônios revoltados na sua impotência contra o impassível gigante que os contemplava com desprezo, imperturbável a todos os golpes e a todos os tiros que lhe desfechavam no dorso,deixando sem um gemido que lhe abrissem as entranhas de granito. O membrudo cavouqueiro havia chegado à fralda do orgulhoso monstro de pedra; tinha-o cara a cara, mediu-o de alto a baixo, arrogante, num desafio surdo.
A pedreira mostrava nesse ponto de vista o seu lado mais imponente. Descomposta, com o escalavrado flanco exposto ao sol, erguia-se altaneira e desassombrada, afrontando o céu, muito íngreme, lisa, escaldante e cheia de cordas que, mesquinhamente, lhe escorriam pela ciclópica nudez com um efeito de teias de aranha. Em certos lugares, muito alto do chão, lhe haviam espetado alfinetes de ferro, amparando, sobre um precipício, miseráveis tábuas que, vistas cá de baixo, pareciam palitos, mas em cima das quais uns atrevidos pigmeus de forma humana equilibravamse, desfechando golpes de picareta contra o gigante.
(AZEVEDO, Aluísio de. O Cortiço. 25a ed. São Paulo. Ática, 1992, 48-49)
Marque a alternativa na qual o sufixo eiro/eira está empregado com o mesmo sentido que em
“pedreira” (linha 01).
a) Cristaleira
b) Cegueira
c) Formigueiro
d) Poeira

40) (UEL-1996) Indique a alternativa em que o sufixo NÃO dá à palavra o sentido de RESULTADO DE UMA AÇÃO.
a) ferimento.
b) nomeação.
c) vingança.
d) instrumento.
e) traição.

41) (UFC-1997) Empregando o sufixo "mente", substitua as expressões grifadas por uma só palavra, cujo sentido seja equivalente ao da expressão substituída.
a) Pouco a pouco, o poeta aprenderia a partir sem medo.
b) Sem dúvida alguma, a lua nova é mais alegre que a cheia.
c) Ele ganhou um novo quarto e a aurora, ao mesmo tempo.
d) Passou dez anos, sem interrupção, com a janela virada para o pátio.
e) O poeta, por exceção, prefere a lua nova.

42) (UFC-2002) Assinale a alternativa em que a forma oni- apresenta sentido diferente da que se encontra em onipotente.
a) onírico
b) onívoro
c) onicolor
d) onisciente
e) onipresente

43) (UFC-2002) Sobre o trecho “As próprias plantas venenosas são úteis: a ciência faz do veneno mais violento um meio destruidor de moléstias, regenerador da saúde, conservador da vida.”, é correto afirmar que:
I.
o período é composto por duas orações.
II.
há somente três palavras formadas por sufixação.
III.
a acentuação gráfica das palavras grifadas se justifica pela mesma a) apenas I é correta.
b) apenas II é correta.
c) apenas I e II são corretas.
d) apenas I e III são corretas.
e) apenas II e III são corretas.

44) (UFCE-1996) Cecília Meireles escreveu: "Eu não lhe DIGO nada..."
a) Acrescentando apenas um prefixo ao verbo em maiúsculo na frase anterior, forme outros CINCO verbos que lhe sejam cognatos.
b) Escolha QUATRO destes verbos e escreva uma frase com cada um dos escolhidos, observando a conjugação adequada.

45) (UFES-2002) Os textos abaixo demonstram que as fobias existem. No Brasil, por exemplo, estamos vivendo o medo do Apagão.
“O governo brasileiro vai defender na Conferência Mundial do Racismo [...] na África do Sul a inclusão no código penal, dos crimes do ódio contra os homossexuais [...] “Trata-se de homofobia, de pessoas que têm horror, ódio, temor, medo e raiva simplesmente pelo fato de alguém ser homossexual,” disse o ativista Cláudio Nascimento.
A Tribuna - 28/8/2001
“[...] O mundo vem a saber neste momento que a Austrália, como todos os outros povos, abriga uma forte minoria de xenófobos. (AE)”
Gilles Lapouge, A Gazeta - 2/9/2001
(1) acrofobia
( ) horror ao trabalho
(2) androfobia
( ) horror ao sangue
(3) claustrofobia
( ) medo dos lugares elevados
(4) ergofobia
( ) horror ao sexo masculino
(5) fotofobia
( ) horror à luz
(6) hematofobia
( ) medo da noite, da escuridão
(7) nictofobia
( ) horror ao fogo
(8) pirofobia
( ) medo dos lugares fechados ou reduzidos
Assinale a alternativa que estabelece a relação entre o nome de cada fobia, na coluna da esquerda, e o seu respectivo significado na coluna da direita.
a) 1 - 4 - 7 - 2 - 5 - 6 - 8 - 3
b) 4 - 6 - 1 - 2 - 5 - 7 - 8 - 3
c) 3 - 4 - 6 - 1 - 2 - 5 - 7 - 8
d) 7 - 2 - 1 - 4 - 5 - 6 - 8 - 3
e) 6 - 1 - 2 - 5 - 7 - 8 - 3 - 4

46) (UFES-2002) NEOLOGISMO
Manuel Bandeira
Beijo pouco, falo menos ainda.
Mas invento palavras
Que traduzem a ternura mais funda
E mais cotidiana.
Inventei, por exemplo, o verbo teadorar.
Intransitivo:
Teadoro, Teodora.
Assinale a alternativa em que a forma destacada pertence à mesma categoria de palavras de que faz parte a inventada por Manuel Bandeira:
a) Prometi acabar com [...] o sem-vergonhismo atrás do forte e acabei. (Dias Gomes)
b) Este momento há de ficar para sempre nos anais e menstruais da história de Sucupira. (Dias Gomes)
c) [ ...] Aí, nem olhei para Joca Ramiro - eu achasse, ligeiro demais, que Joca Ramiro não estava aprovando meu saimento. (Guimarães Rosa)
d) [...] Um dos principalmente da minha plataforma política é a pacificação da família sucupirana. (Dias Gomes)
e)[...] Ele xurugou - e, vai ver quem e o quê, jamais se saberia. (Guimarães Rosa)

47) (UFOP-2001) UM CHORINHO EM MENTE
Descompassadamente
Taquicardicamente
Descontroladamente
Eu desejei você
Apaixonadamente
Lovestoricamente
Idolatradamente
Eu adorei você
Enfeitiçadamente
Heliotropicamente
Apostolicamente
Eu segui você
Resignadamente
Cristianissimamente
Interminavelmente
Eu perdoei você
Astuciosamente
Maquiavelicamente
Silenciosamente
Você me enredou
Insaciavelmente
Aracnidicamente
Canibalescamente
Você me devorou
Indecorosamente
Despudoradamente
Pornograficamente
Você me enganou
Arrasadoramente
Desmoralizantemente
Definitivamente
Você me aniquilou
(Laerte Freire)
Explique a ambigüidade sugerida pelo título do poema.

48) (UFPA-1997) OS SAPOS
(Manuel Bandeira)
Enfunando os papos,
Saem da penumbra.
Aos pulos, os sapos.
A luz os deslumbra.
Em ronco que aterra,
Berra o sapo-boi:
- "Meu pai foi à guerra!"
- "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!"
O sapo-tanoeiro
Parnasiano aguado,
Diz: - "Meu cancioneiro
É bem martelado.
Vede como primo
Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos.
O meu verso é bom
Frumento sem joio.
Faço rimas com
Consoantes de apoio.
Vai por cinqüenta anos
Que lhes dei a norma:
Reduzi sem danos
A formas a forma.
Calme a saparia
Em críticas céticas:
Não há mais poesia
Mas há artes poéticas..."
Urra o sapo-boi:
- "Meu pai foi rei" - "Foi!"
- "Não foi!" - "Foi" - "Não foi!"
Brada em um assomo
O sapo-tanoeiro:
- "A grande arte é como
Lavor de joalheiro.
Ou bem de estatutário.
Tudo quanto é belo.
Tudo quanto é vário,
Canta no martelo".
Outros, sapos-pipas
(Um mal em si cabe),
Falam pelas tripas:
-"Sei!" - "Não sabe!" - "Sabe!".
Longe dessa grita,
Lá onde mais densa
A noite infinita
Verte a sombra imensa;
Lá, fugido ao mundo,
Sem glória, sem fé,
No perau profundo
E solitário, é
Que soluças tu,
Transido de frio,
Sapo cururu
Da beira do rio...
Na 4ª estrofe o poeta diz que nunca rima os termos cognatos. Para a gramática normativa, que são termos cognatos? Exemplifique.

49) (UFRJ-2003) Almeida e Costa comprão para remeterem para fora da Província, huma escrava que seja perfeita costureira, engomadeira, e que entenda igualmente de cozinha, sendo mossa, de bôa figura, e afiançada conduta para o que não terão duvida pagala mais vantajosamente; quem a tiver e queira dispor, pode dirija-se ao escriptorio dos mesmos na rua da fonte dos Padres, N. 91.
(Gazeta Commercial da Bahia, 19 de setembro de 1832)
Do Texto:
a) selecione 2 (dois) verbos e 2 (dois) substantivos que apresentem forma ou emprego diferentes da atual;
b) reescreva-os na forma vigente.

50) (UFRJ-2008) Aprendi a aprender com filmes
(DUARTE, Rosália. Cinema & educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2002.)
TEXTO I
Como se comportar no cinema (A arte de namorar)
(Vinicius de Moraes)
Poucas atividades humanas são mais agradáveis que o ato de namorar, e é sobre a arte de praticá-lo dentro dos cinemas que queremos fazer esta crônica. Porque constitui uma arte fazê-lo bem no interior de recintos cobertos, mormente quando se dispõe da vantagem de ambiente escuro propício.
A tendência geral do homem é abusar das facilidades que lhe são dadas, e nada mais errado; pois a verdade é que namorando em público, além dos limites, perturba ele aos seus circunstantes, podendo atrair sobre si a curiosidade, a inveja e mesmo a ira daqueles que vão ao cinema sozinhos e pagam pelo direito de assistir ao filme em paz de espírito.
Ora, o namoro é sabidamente uma atividade que se executa melhor a coberto da curiosidade alheia. Se todos os freqüentadores dos cinemas fossem casais de namorados, o problema não existiria, nem esta crônica, pois a discrição de todos com relação a todos estaria na proporção direta da entrega de cada um ao seu namoro específico. [...]
De modo que, uma das coisas que os namorados não deveriam fazer é se enlaçar por sobre o ombro e juntar as cabeças. Isso atrapalha demais o campo visual dos que estão à retaguarda. [...] Cochichar, então, é uma grande falta de educação entre namorados no cinema. Nada perturba mais que o cochicho constante e, embora eu saiba que isso é pedir muito dos namorados, é necessário que se contenham nesse ponto, porque afinal de contas aquilo não é casa deles. Um homem pode fazer milhões de coisas – massagem no braço da namorada, cosquinha no seu joelho, festinha no rostinho delazinha; enfim, a grande maioria do trabalho de “mudanças” em automóveis não hidramáticos – sem se fazer notar e, conseqüentemente, perturbar aos outros a fruição do filme na tela. Porque uma coisa é certa: entre o namoro na tela – e pode ser até Clark Gable versus Ava Gardner – e o namoro no cinema, este é que é o real e positivo, o perturbador,
o autêntico.
O sufixo (z)inho, empregado repetidamente na passagem “festinha no rostinho delazinha”, é de enorme vitalidade na língua. Comprove essa vitalidade, no plano morfológico, a partir do uso do diminutivo nos vocábulos da referida passagem.

51) (UFRJ-2008) O ex-cineclubista
(João Gilberto Noll)
Aquele homem meio estrábico, ostentando um mau humor maior do que realmente poderia dedicar a quem lhe cruzasse o caminho e que agora entrava no cinema, numa segunda-feira à tarde, para assistir a um filme nem tão esperado, a não ser entre pingados amantes de cinematografias de cantões os mais exóticos, aquele homem, sim, sentou-se na sala de espera e chorou, simplesmente isso: chorou. Vieram lhe trazer um copo d´água logo afastado, alguém sentou-se ao lado e lhe perguntou se não passava bem, mas ele nada disse, rosnou, passou as narinas pela manga, levantou-se num ímpeto e assistiu ao melhor filme em muitos meses, só isso. Ao sair do cinema, chovia.
Ficou sob a marquise, à espera da estiagem. Tão absorto no filme que se esqueceu de si. E não soube mais voltar.
O vocábulo ex-cineclubista resulta da aplicação de quatro processos de formação de palavras. Identifique-os, valendo-se de elementos constitutivos desse vocábulo.

52) (UFSCar-2001) BOITEMPO
Entardece na roça
de modo diferente.
A sombra vem nos cascos,
no mugido da vaca
separada da cria.
O gado é que anoitece
e na luz que a vidraça
da casa fazendeira
derrama no curral
surge multiplicada
sua estátua de sal,
escultura da noite.
Os chifres delimitam
o sono privativo
de cada rês e tecem
de curva em curva a ilha
do sono universal.
No gado é que dormimos
e nele que acordamos.
Amanhece na roça
de modo diferente.
A luz chega no leite,
morno esguicho das tetas
e o dia é um pasto azul
que o gado reconquista.
(ANDRADE, Carlos Drummond de. Obra Completa. 5. ed. Rio de Janeiro: Aguilar, 1979.)
O título de um texto constitui a chave para a descodificação da mensagem, e a sua interpretação deve ser integrada numa leitura global do texto.
a) Comente o título do texto, a partir das informações apresentadas.
b) Explique por qual processo de formação de palavras Drummond criou “boitempo”.

53) (UFSCar-2003) A questão seguinte baseia-se nos textos a seguir.
Iracema, de José de Alencar.
Foi rápido, como o olhar, o gesto de Iracema. A flecha embebida no arco partiu. Gotas de sangue borbulham na face do desconhecido.
De primeiro ímpeto, a mão lesta caiu sobre a cruz da espada; mas logo sorriu. O moço guerreiro aprendeu na religião de sua mãe, onde a mulher é símbolo de ternura e amor. Sofreu mais d’alma que da ferida.
(...)
A mão que rápida ferira, estancou mais rápida e compassiva o sangue que gotejava. Depois Iracema quebrou a flecha homicida; deu a haste ao desconhecido, guardando consigo a ponta farpada.
O guerreiro falou:
- Quebras comigo a flecha da paz?
- Quem te ensinou, guerreiro branco, a linguagem de meus irmãos? Donde vieste a estas matas, que nunca viram outro guerreiro como tu?
- Venho de bem longe, filha das florestas. Venho das terras que teus irmãos já possuíram, e hoje têm os meus.
- Bem-vindo seja o estrangeiro aos campos dos tabajaras, senhores das aldeias, e à cabana de Araquém, pai de Iracema.
Rosinha, minha canoa, de José Mauro de Vasconcelos.
Achava-se contente da vida, pescando e salgando o seu peixinho, quando a canoa do índio atracou na praia.
- Que é que foi Andedura?
Andedura sungou a canoa na areia.
- Zé Orocó, tem lá um home. Diz que é dotô. Quando dá fé é mesmo, purque ele tem uma mala cheia de ropa e outra cheia de munto remédio.
- E que é que ele quer comigo?
- Sei não. (...) Tu vai?
O coração de Zé Orocó fez um troque-troque meio agoniado. Franziu a testa, tentando vencer, afastar um mau pressentimento.
- Como é que é o homem?
Grandão, meio laranjo no cabelo. Forte, sempre mudando a camisa pur causa do calô. Se tira a camisa, num güenta “mororã” purque tem pele branquinha, branquinha. Peitão meio gordo, ansim que nem ocê, cheio de sucusiri. Quano chegô, tinha barriga meio grande, mais parece que num gosta munto de cumida da gente; tá ficano inxuto. Eu pensei que ele fosse irmão daquele padre Gregoro, que pangalô aqui pelo Araguaia já vai pra uns cinco ano ...
Feito o retrato o índio descansou ...
Os textos mostram possibilidades de expressão dentro de uma mesma língua: os recursos lingüísticos de Alencar não são, na sua totalidade, os mesmos empregados por Vasconcelos.
a) Observando a fala de Iracema e Andedura, percebe-se que ambos utilizam a 2ª pessoa do singular para se referirem ao seu interlocutor. Em que os usos de ambos se diferenciam? Reescreva uma frase de cada uma dessas personagens, empregando o registro de 3ª pessoa do singular.
b) Como se pode explicar a formação das expressões laranjo e chegô, presentes na fala de Andedura?

54) (UFSCar-2003) A revista Veja, referindo-se aos empresários brasileiros, na edição de 02.10.2002, às vésperas das eleições, utilizou o seguinte título para uma matéria: Eles lularam na reta final. Tomando-se como referência o contexto das eleições, responda:
a) Qual o significado da forma verbal lularam?
b) Do ponto de vista gramatical, por meio de que recurso o verbo da frase foi criado?

55) (Unicamp-2001) A breve tira abaixo fornece um bom exemplo de como o contexto pode afetar a interpretação eaté mesmo a análise gramatical de uma seqüência lingüística.

RADICAL CHIC/Miguel Paiva
a) Supondo que a fala da moça fosse lida fora do contexto dessa tira, como você a entenderia?
b) Se a fala da moça fosse considerada uma continuação da fala do rapaz, poderia ser entendida como uma única palavra, de derivação não prevista na língua portuguesa. Que palavra seria e o que significaria?
c) As duas leituras possíveis para a fala da moça não estão em contradição; ao contrário, reforçam-se. O que significará essa fala, se fizermos simultaneamente as duas leituras?

56) (Unicamp-2003) A coluna MARKETING da revista Classe, ano XVII, nº 94, 30/08 a 30/10, 2002), inclui as seguintes passagens (parcialmente adaptadas):
Os jovens de classe média e alta, nascidos a partir de 1980, foram criados sob a pressão de encaixarem infinitas atividades dentro das 24 horas. E assim aprenderam a ensanduichar atividades. (...) Pressionados pelo tempo desde que nasceram, desenvolveram um filtro e separam aquilo que para eles é o trigo, do joio; ficam com o trigo, e naturalmente, deletam o joio. (p. 26)
a) Explique qual é o sentido da palavra “ensanduichar” no texto e diga por que ela é especialmente expressiva ou sugestiva aqui.
b) O texto menciona um ditado corrente, embora não na ordem usual. Qual é o ditado e o que significa?
c) A palavra “deletar” confere um ar de atualidade ao texto. Explique por quê.

57) (Unicamp-2003) Mas, a mal, vinha vesprando a hora, o fim do prazo, Miguilim não achava pé em pensamento onde se firmar, os dias não cabiam dentro do tempo. Tudo era tarde! De siso, devia de rezar, urgente, montão de rezas. (João Guimarães Rosa, “Campo geral”, in Manulezão e Miguilim. Rio de Janeiro, Editora José Olympio. 1972.)
a) O trecho acima refere-se a uma espécie de acordo que Miguilim propôs a Deus. Que acordo era esse?
b) Sabendo-se que o acordo se relaciona às perdas sofridas por Miguilim, cite as duas que mais profundamente o marcaram.
c) Se “vesprando” deriva de “véspera”, que se associa a Vésper (Estrela da Tarde), como se deve interpretar “vinha vesprando a hora”?

58) (Unicamp-2005) Em Angústia de Graciliano Ramos, encontramos seqüências instigantes:
Penso em indivíduos e em objetos que não têm relação com os desenhos: processos, orçamentos, o diretor, o secretário, políticos, sujeitos remediados que me desprezam porque sou um pobre-diabo.
Tipos bestas. Ficam dias inteiros fuxicando nos cafés e preguiçando, indecentes.
(...)
Fomos morar na vila. Meteram-me na escola de seu Antônio Justino, para desasnar, pois, como disse Camilo quando me apresentou ao mestre, eu era um cavalo de dez anos e não conhecia a mão direita. Aprendi leitura, o catecismo, a conjugação dos verbos. O professor dormia durante as lições. E a gente bocejava olhando as paredes, esperando que uma réstia chegasse ao risco de lápis que marcava duas horas. Saíamos em algazarra.
(Graciliano Ramos, Angústia. Rio de Janeiro: Ed. Record, 56ª.ed., 2003, p. 8-9 e 15).
a) Que processos permitem as construções ‘preguiçando’ e ‘desasnar’ na língua?
b) Se substituirmos ‘preguiçando’ por ‘descansando’ e ‘desasnar’ por ‘aprender’, observamos uma relação diferente com a poesia da língua. Explicite essa diferença.
c) O uso de ‘desasnar’ pode nos remeter, entre outras palavras, a ‘desemburrecer’ e ‘desemburrar’.
No Dicionário Houaiss da língua portuguesa (ed. Objetiva, 2001), o verbete ‘desemburrar’ apresenta como acepções tanto ‘livrar-se da ignorância’, quanto ‘perder o enfezamento’, e marca sua etimologia como des + emburrar. Seguindo nossa consulta, encontramos no verbete ‘emburrar’ o ano de 1647 que, segundo a Chave do Dicionário Houaiss, indica a “data em que [essa palavra] entrou no português”. A fonte dessa datação é a obra Thesouro da lingoa portuguesa composta pelo Padre D. Bento Pereyra, publicada em Lisboa.
Embora ‘desemburrecer’ não apareça no dicionário, encontramos ‘emburrecer’, cuja entrada no português , segundo o Houaiss, data de 1998, atestada pela obra de Celso Pedro Luft Dicionário prático de regência verbal, publicada em São Paulo.
O verbete ‘desasnar’ data de 1713, atestado pela obra
Vocabulário portugueza e latino de Rafael Bluteau,
publicada em Coimbra-Lisboa.
Tendo em vista as observações acima apresentadas - a
presença ou não desses verbetes no dicionário, as datas de
entrada no português e as fontes que atestam essas
entradas - o que se pode compreender sobre a relação
entre o dicionário e a língua?

59) (Unicamp-2005) Mario Sergio Cortella, em sua coluna
mensal “Outras Idéias” escreve:
(...) reconheça-se: a maior contribuição de Colombo não foi
ter colocado um ovo em pé ou ter aportado por aqui depois
de singrar mares nunca dantes navegados. Colombo
precisa ser lembrado como a pessoa que permitiu a nós,
falantes do inglês, do francês ou do português, que
tivéssemos contato com uma língua que, do México até o
extremo sul da América, é capaz de nos ensinar a dizer
“nosotros” em vez de apenas “we”, “nous”, “nós”,
afastando a arrogante postura do “nós” de um lado e do
“vocês” do outro. Pode parecer pouco, mas “nós’ é quase
barreira que separa, enquanto “nosotros” exige perceber
uma visão de alteridade, isto é, ver o outro como um outro,
e não como um estranho. Afinal, quem são os outros de
nós mesmos? O mesmo que somos para os outros, ou seja,
outros!
(Mario Sergio Cortella, Folha de S.Paulo, 9 de outubro de
2003).
O texto acima nos faz pensar na distinção entre um ‘nós’
inclusivo e um ‘nós’ excludente.
a) Segundo o excerto, ‘nosotros’ apresenta um sentido
inclusivo. Justifique pela morfologia dessa palavra.
b) “Nós brasileiros falamos português” apresenta um ‘nós’
excludente. Explique.

60) (UNICAMP-2006) Os quadrinhos a seguir fazem parte
de um material publicado na Folha de S. Paulo em 17 de
agosto de 2005, relativo à crise política brasileira, que teve
início em maio do mesmo ano.
CHICLETE COM BANANA - Angeli
OS PESCOÇUDOS - Caco Galhardo
Resultado de imagem para angeli ratos se me permite um aparte
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Na tira de Angeli, observamos um jogo de associações
entre a frase-título ‘O imundo animal’ e a seqüência de
imagens.
a) A frase-título ‘O imundo animal’ nos remete a uma outra
frase. Indique-a e explicite as relações de sentido entre as
duas frases, fazendo referência ao conjunto da tira.
b) A frase-título ‘O imundo animal’ sugere um processo de
prefixação. Explique.

61) (Unifesp-2003) A questão seguinte baseia-se no poema
“Pneumotórax”, do modernista Manuel Bandeira (1886-
1968).
Pneumotórax
Febre, hemoptise, dispnéia e suores noturnos.
A vida inteira que podia ter sido e que não foi.
Tosse, tosse, tosse.
Mandou chamar o médico:
- Diga trinta e três.
- Trinta e três... trinta e três... trinta e três...
- Respire.
...............................................................................................
....
- O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o
pulmão direito infiltrado.
- Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?
- Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.
(Manuel Bandeira, Libertinagem)
Pneumotórax, palavra que dá título ao famoso poema de
Manuel Bandeira, é vocábulo constituído de dois radicais
gregos (pneum[o]- + -tórax). Significa o procedimento
médico que consiste na introdução de ar na cavidade
pleural, como forma de tratamento de moléstias
pulmonares, particularmente a tuberculose. Tal
enfermidade é referida no diálogo entre médico e
paciente, quando o primeiro explica a seu cliente que ele
tem “uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão
direito infiltrado”. Esta última palavra é formada com base
em um radical: filtro. Quanto à formação vocabular, o
título do poema e o vocábulo infiltrado são constituídos,
respectivamente, por
a) composição, e derivação prefixal e sufixal.
b) derivação prefixal e sufixal, e composição.
c) composição por hibridismo, e composição prefixal e
sufixal.
d) simples flexão, e derivação prefixal e sufixal.
e) simples derivação, e composição sufixal e prefixal.

62) (UNIFESP-2004) Tomando como referência os processos de formação de palavras, dada a relação com o som produzido pelos eqüinos quando em movimento, a palavra Pocotó é formada a partir de uma
a) prefixação.
b) sufixação.
c) onomatopéia.
d) justaposição.
e) aglutinação.

63) (UNIFESP-2004) Leia a seguir um trecho de um bate-papo pela internet, retirado de uma das “salas” do UOL.
(04:01:51) LOIRA fala para E.F.S-MSN: NAO QUERO PAPO CONTIGO PQ VC PIZOU NA BOLA
(04:01:55) Alex entra na sala...
(04:02:02) Alex fala para Todos: Alguém quer teclar?
(04:02:04) A T I R A D O R fala para AG@SSI: QUEM E VC
(04:02:39) LOIRA fala para nois(Mô, Lê e Ti): APARENCIA NAO EMPORTA
(04:02:43) A T I R A D O R fala para LOIRA: eai princesa ta afim de tc
(04:02:56) LOIRA fala para AG@SSI: OI QTOS ANOS
Sobre a escrita no bate-papo, são feitas as quatro afirmações seguintes.
I. As palavras teclar e tc são formadas, respectivamente, por sufixação e redução.
II. Estão incorretamente grafadas as palavras pizou e emporta.
III. A pontuação está incorreta nas frases de Loira, Alex e Atirador.
IV. Alex e Atirador apresentam erros na acentuação de palavras.
Está correto apenas o que se afirma em
A) I e II.
B) I e III.
C) II e III.
D) II e IV.
E) III e IV.

64) (Unifor-2003) O cronista trabalha com um instrumento de grande divulgação, influência e prestígio, que é a palavra impressa. Um jornal, por menos que seja, é um veículo de idéias que são lidas, meditadas e observadas por uma determinada corrente de pensamento formada à sua volta.
Um jornal é um pouco como um organismo humano. Se o editorial é o cérebro; os tópicos e notícias, as artérias e veias; as reportagens, os pulmões; o artigo de fundo, o fígado; e as seções, o aparelho digestivo - a crônica é o seu coração. A crônica é matéria tácita de leitura, que desafoga o leitor da tensão do jornal e lhe estimula um pouco a função do sonho e uma certa disponibilidade dentro de um cotidiano quase sempre “muito tido, muito visto, muito conhecido”, como diria o poeta Rimbaud.
Daí a seriedade do ofício do cronista e a freqüência com que ele, sob a pressão de sua tirania diária, aplica-lhe balões de oxigênio. Os melhores cronistas do mundo, que foram os do século XVIII, na Inglaterra - os chamados essayists - praticaram o essay, isto de onde viria a sair a crônica moderna, com um zelo artesanal tão proficiente quanto o de um bom carpinteiro ou relojoeiro. Libertados da noção exclusivamente moral do primitivo essay, os oitocentistas ingleses deram à crônica suas primeiras lições de liberdade, casualidade e lirismo, sem perda do valor formal e da objetividade. Addison, Steele, Goldsmith e sobretudo Hazlitt e Lamb - estes os dois maiores, - fizeram da crônica, como um bom mestre carpinteiro o faria com uma cadeira, um objeto leve mas sólido, sentável por pessoas gordas ou magras. (...)
Num mundo doente a lutar pela saúde, o cronista não se pode comprazer em ser também ele um doente; em cair na vaguidão dos neurastenizados pelo sofrimento físico; na falta de segurança e objetividade dos enfraquecidos por excessos de cama e carência de exercícios. Sua obrigação é ser leve, nunca vago; íntimo, nunca intimista; claro e preciso, nunca pessimista. Sua crônica é um copo d’água em que todos bebem, e a água há de ser fresca, limpa, luminosa, para satisfação real dos que nela matam a sede.
(Vinicius de Moraes. Poesia Completa e Prosa. Aguilar, 1974, p. 591-2)
O mesmo sentido dos sufixos formadores dos substantivos carpinteiro e relojoeiro está nas palavras
a) jornalista e secretário.
b) partida e perdição.
c) civismo e timidez.
d) folhagem e casario.
e) livraria e vidraça.

65) (Unifor-2003) A série em que todas as palavras têm o mesmo radical é
a) idoso - idôneo - ídolo
b) doméstico - domicílio - domesticar
c) popular - pluvioso - público
d) senil - semelhante - senhor
e) rural - rústico - roçado

66) (Unifor-2003) O velho foi sendo injustamente recolhido a sua "inferioridade".
A palavra sublinhada na frase acima é formada de
a) um radical grego e um sufixo formador de advérbio.
b) um prefixo e um radical latino.
c) dois afixos e um radical latino.
d) um prefixo, um radical popular e um sufixo.
e) um prefixo, um radical grego e um sufixo adverbial.

67) (Vunesp-2004) A questão a seguir toma por base uma passagem de uma carta do poeta parnasiano Raimundo Correia (1859-1911) e fragmentos de um ensaio do poeta modernista Jorge de Lima (1893-1953).
A Rodolfo Leite Ribeiro
(...) Noto nas poesias tuas, que o Vassourense tem publicado, muita naturalidade e cor local, além da nitidez do estilo e correção da forma. Sentes e conheces o que cantas, são aprazivelmente brasileiros os assuntos, que escolhes. Um pedaço de nossa bela natureza esplêndida palpita sempre em cada estrofe tua, com todo o vigor das tintas que aproveitas. No “Samba” que me dedicas, por exemplo, nenhuma particularidade falta dessa nossa dança macabra, movimento, graça e verdade ressaltam de cada um dos quatorze versos, que constituem o soneto. / Como eu invejo isso, eu devastado completamente pelos prejuízos dessa escola a que chamam parnasiana, cujos produtos aleijados e raquíticos apresentam todos os sintomas da decadência e parecem condenados, de nascença, à morte e ao olvido! Dessa literatura que importamos de Paris, diretamente, ou com escala por Lisboa, literatura tão falsa, postiça e alheia da nossa índole, o que breve resultará, pressinto-o, é uma triste e lamentável esterilidade. Eu sou talvez uma das vítimas desse mal, que vai grassando entre nós. Não me atrevo, pois, a censurar ninguém; lastimo profundamente a todos! / É preciso erguer-se mais o sentimento de nacionalidade artística e literária, desdenhando-se menos o que é pátrio, nativo e nosso; e os poetas e escritores devem cooperar nessa grande obra de restauração. Não achas? Canta um poeta, entre nós, um Partenon
de Atenas, que nunca viu; outro os costumes de um Japão a que nunca foi... Nenhum, porém, se lembrara de cantar a Praia do Flamengo, como o fizeste, e qualquer julgaria indigno de um soneto o Samba, que ecoa melancolicamente na solidão das nossas fazendas, à noite. / Entretanto, este e outros assuntos vivem na tradição de nossos costumes, e é por desprezá-los assim que não temos um poeta verdadeiramente nacional. / Qualquer assunto, por mais chilro e corriqueiro que pareça ser, pode deixar de sê-lo, quando um raio do gênio o doure e inflame. / Tu me soubeste dar uma prova desse asserto. Teus formosos versos é que hão de ficar, porque eles estão alumiados pela imensa luz da verdade. Essa rota que me apontas é que eu deveria ter seguido, e que, infelizmente, deixei de seguir. O sol do futuro vai romper justamente da banda para onde caminhas, e não da banda por onde nós outros temos errado até hoje. / Continua, meu Rodolfo. Mais alguns sonetos no mesmo gênero; e terás um livro que, por si só, valerá mais que toda a biblioteca de parnasianos. Onde, nestes, a pitoresca simplicidade, a saudável frescura, a verdadeira poesia de teus versos?!
(Raimundo Correia. Correspondência. In: Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1961.)
Todos Cantam sua Terra...
(1929)
[...] Acha Tristão de Ataíde que a literatura brasileira moderna, apesar de tudo, enxergou qualquer cousa às claras. Pois que deu fé que estava em erro. Que se esquecera do Brasil, que se expressava numa língua que não era a fala do povo, que enveredara por terras de Europa e lá se perdera, com o mundo do Velho Mundo. Trabalho deu a esse movimento literário atual, a que chamam de moderno, trazer a literatura brasileira ao ritmo da nacionalidade, isto é, integrá-la com as nossas realidades reais. Mais ou menos isso falou o grande crítico. Assim como falou do novo erro em que caiu esta literatura atual criando um convencionalismo modernista, uma brasilidade forçada, quase tão errada, quanto a sua imbrasilidade. Em tudo isso está certo Tristão. Houve de fato ausência de Brasil nos antigos, hoje parece que há Brasil de propósito nos modernos. Porque nós não poderíamos com sinceridade achar Brasil no índio que Alencar isolou do negro, cedendo-lhe as qualidades lusas, batalhando por um abolicionismo literário do índio que nos dá a impressão de que o escravo daqueles tempos não era o preto, era o autóctone. O mesmo se deu com Gonçalves Dias em que o índio entrou com o vestuário de penas pequeno e escasso demais para disfarçar o que havia de Herculano no escritor.
[...]
Da mesma forma que os nossos primeiros literatos cantaram a terra, os nossos poetas e escritores de hoje querem expressar o Brasil numa campanha literária de “custe o que custar”. Surgiram no começo verdadeiros manifestos, verdadeiras paródias ao Casimiro e ao Gonçalves Dias: “Todos dizem a sua terra, também vou dizer a minha”. E do Norte, do Sul, do sertão, do brejo, de
todo o país brotaram grupos, programas, proclamações modernistas brasileiras, umas ridículas à beça. Ninguém melhor compreendeu, adivinhou mesmo, previu o que se ia dar, botando o preto no branco, num estudo apenso ao meu primeiro livro de poesia em 1927, do que o meu amigo José Lins do Rego. (...)
Dois anos depois é o mesmo protesto de Tristão de Ataíde: “esse modernismo intencional não vale nada!” Entretanto nós precisamos achar a nossa expressão que é o mesmo que nos acharmos. E parece que o primeiro passo para o achamento é procurar trazer o homem brasileiro à sua realidade étnica, política e religiosa.[...]
No seio deste Modernismo já se opera uma reação anti-ANTISINTAXE, anti-ANTIGRAMATICAL em oposição ao desleixo que surgiu em alguns escritos, no começo. Nós não temos um passado literário comprido (como têm os italianos, para citar só um povo), que nos endosse qualquer mudança no presente, pela volta a ele, renascimento dele, pela volta de sua expressão estilística ou substancial. A nossa tradição estilística, de galho deu, na terra boa em que se plantando dá tudo, apenas garranchos.
(Jorge de Lima. Ensaios. In: Poesias completas - v. 4. Rio de Janeiro: José Aguilar/MEC, 1974.)
O Modernismo buscou, em sua fase inicial, um novo discurso pela quebra de padrões sintáticos e o emprego de características da linguagem coloquial. Com base nestas informações, responda.
a) O que significam os neologismos anti-ANTISINTAXE e anti-ANTIGRAMATICAL, no texto de Jorge de Lima?
b) O texto de Jorge de Lima foi escrito em 1929. No caso de esses dois neologismos não estarem grafados de acordo com o que dispõe o nosso Sistema Ortográfico, que é de 1943, indique as grafias obedientes à regra ortográfica atual, segundo a qual o prefixo anti- só deve ser acompanhado de hífen diante de h, r e s.

68) (Vunesp-2004) A passagem do romance O País do Carnaval, de Jorge Amado (1912-2001) e o poema Rosto & Anti-Rosto, do modernista Cassiano Ricardo (1895-1974), são a base para a próxima questão.
O País do Carnaval
- É... - apoiava Jerônimo enrubescendo.
- E crer... Existem ainda homens inteligentes que crêem. Crer... Acreditar que um Deus, um ser superior, nos guie e nos dê auxílio... Mas ainda há quem creia...
- Há...
- Olhe, Jerônimo, dizem que foi Deus quem criou os homens. Eu acho que foram os homens que criaram Deus. De qualquer modo, homens criados por Deus ou Deus criado pelos homens, uma e outra obra são indignas de uma pessoa inteligente.
- E Cristo, Pedro Ticiano?
- Um poeta. Um blagueur. Um cético. Um diferente da sua época. Cristo pregou a bondade porque, naquele tempo, se endeusava a maldade. Um esteta. Amou a Beleza sobre todas as coisas. Fez em plena praça pública blagues admiráveis. A da adúltera, por exemplo. Ele perdoou porque a mulher era bonita e uma mulher assim tem direito a fazer todas as coisas. Cristo conseguiu vencer o convencionalismo. Um homem extraordinário. Mas um deus bem medíocre...
- Como?
- Um deus que nunca fez grandes milagres! Contentou-se com multiplicar pães e curar cegos. Nunca mudou montanhas de lugar, nunca fez descer sobre a terra nuvens de fogo, nem parou o sol. Cristo tinha, contra si, esta qualidade: sempre foi mau prestidigitador.
[...]
Jerônimo mudava de assunto.
- Você, Pedro Ticiano, é o homem de espírito mais forte que eu já vi. Com quase setenta anos, ainda é ateu...
- Ah, não tenho medo do inferno... E, no caso de ele existir, eu me darei bem lá...
- Você sempre foi meio satânico... É capaz de fundar um jornal oposicionista no inferno. Voltaire, você e Baudelaire no inferno. Que gozado!
Pedro Ticiano sorria, vendo que Jerônimo não resistia à fascinação da sua palavra. E gostava de derrubar os sonhos daquele homem medíocre e bom, que tinha o único defeito de querer intelectualizar-se.
(Jorge Amado. O País do Carnaval. 30ª ed. Rio de Janeiro: Record, 1976.)
Rosto & Anti-Rosto
O homem criou
Deus
a quem deu
o lugar de
autor do céu,
do ar, do
mar.
Para si,
na Terra
em flor,
criou o amor.
Deus, porém,
pra existir
criaria
algo
a si mesmo
oposto:
Numa concha
acústica,
inventou
a dor.
Lucifez
Satã
sua antifigura,
seu antirosto.
Hoje Satã
quer levar
o homem
a matar
Deus.
Qual dos 2
o sobre
---
vivente?
(Cassiano Ricardo. Os Sobreviventes. Rio de Janeiro:
Livraria Editora José Olympio, 1971.)
Tanto os falantes como os escritores podem, por vezes, criar neologismos, ou seja, palavras novas, que, se aceitas pelos demais usuários, entram em circulação e se integram ao léxico da língua; caso contrário, se tornam apenas ocorrências específicas dos textos em que surgiram. O uso de palavras estrangeiras constitui o chamado neologismo por empréstimo; tais palavras, pela generalização do uso, também podem se integrar ao léxico do idioma. Releia atentamente os dois textos e, em seguida,
a) localize, na quinta estrofe do poema de Cassiano Ricardo, um neologismo criado pelo poeta.
b) explique por que, na terceira fala de Pedro Ticiano, Jorge Amado grafou duas palavras em itálico.

69) (VUNESP-2006) Sem fazer alarde, o Brasil está prestes a dar um grande passo para dominar de vez a tecnologia de fabricação de satélites artificiais. Pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, e da empresa Fibraforte Engenharia, de São José dos Campos, concluíram com sucesso uma seqüência de testes para validação de um propulsor para satélites e de um catalisador, uma substância química que participa da queima do combustível. O fato é importante, porque poucos países dominam a tecnologia de fabricação desses componentes. Os propulsores, também chamados de motores, são responsáveis por fazer o posicionamento e as correções de órbita durante a vida útil dos satélites, estimada em quatro anos. O equipamento projetado e construído pela Fibraforte é do tipo monopropelente, ou seja, funciona apenas com um combustível líquido, no caso a hidrazina anidra, e não precisa de um elemento oxidante para fazer a combustão. O catalisador nacional, essencial em satélites monopropelentes, foi desenvolvido pelos pesquisadores do Laboratório Associado de Combustão e Propulsão (LCP) do Inpe.
(Pesquisa FAPESP.)
Na sexta-feira (7), a cirurgiã paraense Angelita Habr-Gama vai receber em Zurique o título de membro honorário da European Surgical Association (ESA) — Associação Européia de Cirurgia — pela carreira médica.
Desde que foi fundada, em 1993, a entidade só concedeu o prêmio a um time seletíssimo de 17 médicos. Entre eles, o papa em câncer de mama, o italiano Umberto Veronesi, do Istituto Europeo di Oncologia, em Milão, e o americano Thomas Starzl, da Universidade de Pittsburgh, o pioneiro mundial no transplante de fígado.
Angelita será a primeira latino-americana e a primeira mulher a receber tamanha homenagem. Não é a primeira vez que a cirurgiã, referência nacional em doenças do intestino, se vê numa situação fora do comum pelo fato de ser mulher — em circunstâncias menos glamourosas inclusive. No começo da residência em Cirurgia, na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP), ela era obrigada a cortar a barra e as mangas dos aventais para trabalhar. “Eram feitos pra homem”, lembra.
(O Estado de S.Paulo.)
Considerando a definição dada, no texto da revista Pesquisa FAPESP, para o termo monopropelente,
a) especifique o valor do prefixo mono-, nessa palavra;
b) apresente um exemplo de palavra, devidamente contextualizada em frase, em que esse prefixo conserve o mesmo sentido.


Gabarito
1) Alternativa: A
2) Alternativa: A
3) V
V
F
F
F
4) Alternativa: C
5) Alternativa: B
6) Alternativa: A
7) Alternativa: A
8) Alternativa: D
9) Alternativa: A
10) O fenômeno consiste na manutenção do h, presente em hispânico mas ausente em Espanha. No texto este fenômeno aparece na palavra herbívoro, relativo a erva, mas cuja origem é herba.
11) Espostejar significa cortar em postas.
No radical posta foi acrescido o sufixo -ejar e posteriormente o prefixo es.
12) Alternativa: A
13) “Comprovinciana” é formada pelo prefixo com, que significa companhia, mais a palavra provinciana, relativo a quem é da província. Assim, comprovinciana significa aquela que é da mesma região, da mesma província.
14) Alternativa: A
15) Alternativa: C
16) Alternativa: C
17) a) Os diminutivos caracterizam a personagem tanto fisicamente (ela era 'pequena'), como subjetivamente, indicando o afeto que o narrador nutria por ela.
b) Andorinhava é uma forma do verbo andorinhar, colocando-se a desinência verbal indicadora do Pretérito Imperfeito do Indicativo (-va). O verbo andorinhar vem do substantivo andorinha, ao qual, por derivação sufixal, foi acrescido o sufixo formador de verbo -ar.
No texto, a palavra andorinhava atribui à personagem Breijeirinha características de uma andorinha: rápida, ligeira, pequena.
18) a) O Verbo desfiar e o substantivo fio (em vê-la desfiar seu fio)
b) A palavra explosão opõe-se semanticamente a franzina. Explosão pressupõe grandeza, enquanto franzina pressupõe pequenez.
19) Alternativa: B
20) Alternativa: C
21) Alternativa: A
22) Alternativa: C
23) Alternativa: C
24) Alternativa: B
25) Alternativa: A
26) Alternativa: B
27) a) Se se considera “erro” o uso lingüístico que não se ajusta ao uso consagrado e nem atende às circunstâncias em que determinado mecanismo costuma ser empregado, então a construção “vou estar transferindo” pode ser tida como errada, ou seja, inadequada em relação às normas vigentes. O nome gerundismo designa, com efeito, a tendência a indicar o futuro simples por meio da construção IR + ESTAR + GERÚNDIO. O que o uso consagra é indicar o futuro por meio do verbo IR (no presente) + infinitivo: eu vou transferir. A construção IR + ESTAR + GERÚNDIO é legitimamente usada no contexto em que se indica uma ação futura que será praticada simultaneamente a outra ação mencionada também no futuro. Por exemplo: Amanhã, quando você estiver fazendo a prova, eu vou estar voando para Recife. Já a construção “Ela está falando bonito” é habitualmente usada para indicar uma ação simultânea ao ato da fala, com tendência continuativa. O uso da locução ESTAR (presente) + GERÚNDIO, em lugar da forma simples do presente do indicativo, é corrente e tida como normal em nossa linguagem.
b) O sufixo -ismo anexado à palavra gerúndio para formar gerundismo veicula, neste caso, a idéia de tendência viciosa, mania, mau uso. O mesmo valor do sufixo verifica-se, também, por exemplo, em consumismo, oportunismo, modismo.
28) Alternativa: A
29) Alternativa: A
30) a)"Não se conseguiu apurar o motivo por que a atriz se divorciou."
Porque - no sentido de por qual razão ou motivo, grafa-se separado, pois o que é pronome relativo
b) "O milionário despendeu milhares de dólares com aquela propaganda."
Despender - verbo que significa perder, gastar, consumir
31) Alternativa: A
32) Alternativa: A
33) Alternativa: A
34) Alternativa: B
35) Alternativa: C
36) Alternativa: B
37) Alternativa: C
38) Alternativa: A
39) Alternativa: D
40) Alternativa: D
41) a) Paulatinamente
b) Indubitavelmente
c) Simultaneamente
d) Ininterruptamente.
e) Excepcionalmente.
42) Alternativa: A
43) Alternativa: D
44) a) Predizer
Desdizer
Contradizer
Bendizer
Maldizer
b) Não me contradiga.
Ele predisse meu futuro.
Bendigo o dia de hoje.
Ele se desdisse, pedindo desculpas.
45) Alternativa: B
46) Alternativa: A
47) Pode tanto significar: “Um chorinho terminado em - mente, como também deixar entender “Um chorinho na minha idéia, na minha intenção’
48) Diz-se de termo cognato o vocábulo que tem raiz comum com outros.Belo, beleza, embelezar são termos cognatos.
49) a)
comprão / pegala / dirija-se
mossa / escriptorio / duvida
b)
compram / pegá-la / dirigir-se
moça / escritório / dúvida
50) A vitalidade do sufixo (z)inho no plano morfológico fica comprovada por sua aplicação não só a bases nominais (substantivos e adjetivos), como em festa e em rosto, mas também a outras bases menos usuais, como, por exemplo, a pronomes, como em (d)ela.
51) redução/abreviação vocabular (cine ← cinema), composição (cine + clube), derivação sufixal (cineclube + ista) e derivação prefixal (ex + cineclubista).
52) a) No poema o tempo é marcado pela relação do homem com o gado. Assim, quem determina o tempo são as ações dos bois. Daí Boitempo, que funciona como síntese dessa idéia.
b) “Boitempo” foi formada pelo processo de composição por Justaposição, através da junção dos radicais Boi e tempo.
53) a) Enquanto Iracema mantém o verbo na segunda pessoa do singular (“Donde vieste...”), Andedura faz a concordância na terceira pessoa do singular (“tu vai?”).
Na terceira pessoa do singular, teríamos:
Donde veio...
Você vai?
b) Trata-se da redução das formas alaranjou e chegou, em que o u final é suprimido.
54) a) Os empresários ‘aderiram’ a Lula.
b) O verbo foi criado através do processo de derivação sufixal. Ao Substantivo ‘Lula’ foi adicionado o sufixo formador de verbo ‘ar’. Em seguida o verbo foi conjugado na terceira pessoa do plural.
55) a) Que os homens mentem.
b) A palavra seria “homemente” ou “homemmente”. Seria um advérbio que significaria aquilo feito da maneira típica dos homens.
c) Que o modo de agir típico dos homens é com mentiras.
56) a) encaixar, espremer. A expressividade da palavra ‘ensanduichar’ - um neologismo - reside no fato de ser possível caracterizar os jovens descritos na matéria também como consumidores de sanduíches (essa geração já foi chamada de ‘geração MacDonalds’).
b) O ditado original é ‘separar o joio do trigo’. Significa fazer uma seleção, escolhendo o que é melhor e desprezando o que é inútil ou daninho.
c) Por se tratar de um neologismo bastante recente, criado a partir do inglês to delete, e muito utilizado no campo da informática, algo também considerado bastante atual.
57) a) Após ser examinado por Seo Deográcias, Miguilim fica apavorado com a possibilidade de morrer de tuberculose. Pede então a Deus dez dias de prazo, nos quais cumpriria uma novena, e estabelece um acordo: se Deus quiser, após esses dez dias, Miguilim morrerá, caso contrário, não ficará seriamente doente nem morrerá.
b) Miguilim sofre várias perdas no decorrer da narrativa:
A perda de sua cadelinha Pingo-de-ouro, também chamada de Cuca, a morte de seu irmão Dito, o afastamento de seu tio Terez, a perda da inocência de criança e, por fim, da perda da convivência com a família.
As mais marcantes são a morte de seu irmão Dito e o afastamento de seu tio Terez.
c) A hora de se cumprir o acordo estava próxima, Miguilim já estava na ‘véspera’ da sentença dada ao acordo.
58) a) A língua permite que essas construções ocorram a partir de processos de derivação. Termos como analogia/comparação/combinação serão aceitos.
b) ‘Preguiçando’ e ‘desasnar’ comparados a ‘descansando’ e ‘aprender’ nos remetem à força expressiva da língua e chamam a atenção para a forma significante.
Ficar ‘preguiçando’ marca o sentido de produzir preguiça, chamando a atenção para a própria sonoridade da palavra que se esgarça e alarga pelo gerúndio não usual. Já ‘ficar descansando’ marca o previsível, ressalta o trabalho e chama a atenção para um intervalo antes da retomada laboriosa. A palavra, em sua forma, passa desapercebida. O mesmo se dá com ‘desasnar’ que, ao chamar a atenção para o fato de “deixar de ser asno”, ressalta o embrutecimento, a aspereza da animalidade que a palavra ‘asno’ marca. ‘Aprender’, tal como ‘descansando’, está dentro do previsível e reforça a significação já reiterada e sempre repetida.
c) A relação entre o dicionário e a língua indica que o dicionário, apenas imaginariamente, dá conta de cobrir todas as palavras que a língua ao mesmo tempo nos impõe e permite que se crie pelos diferentes processos já mencionados no item a). A força legitimadora do dicionário, reforçada pelas citações das fontes e datas, reafirma apenas alguns sentidos das palavras. Nesse processo, muitas questões não são discutidas, inclusive a relação colonizadora entre a língua portuguesa lusitana e a brasileira.
Esta questão, incidindo sobre a relação forma e conteúdo da língua, problematiza a leitura que só se preocupa com conteúdos. Ao chamar a atenção do candidato para aspectos mórficos dos verbos ‘preguiçando’ e ‘desasnar’, a questão pretende sensibilizá-lo para o fato de que a forma é parte integrante da significação.
A questão procura também salientar o fato de que essas formas fazem parte de uma história da língua, marcada nos dicionários.
Além do uso do dicionário, motivado pela certificação da existência ou não de determinadas palavras, de sua ortografia e acepção semântica, é importante que o candidato possa ver a possibilidade de estabelecer uma relação de leitura, entre palavras, no dicionário. Isso é proposto no item c), pela remissão a ‘desemburrecer’ e a ‘desemburrar’. Esse outro tipo de leitura nos remete ao processo de dicionarização e questiona a estabilidade do léxico, ressaltando que todo dicionário é uma construção histórica.
Fonte: Banca examinadora da Unicamp
59) a) Segundo o excerto, ‘nosotros’ apresenta um sentido inclusivo atestado em sua composição, pois não é possível dizer ‘nós’ sem dizer ‘outros’. Essa injunção morfológica da língua coloca sempre em pauta a diferença como alteridade necessária e não como oposição e recusa na relação entre falantes de uma mesma língua e falantes de línguas diferentes.
b) O ‘nós’ é excludente, por um lado, porque separa os brasileiros de todos os cidadãos de outras nacionalidades. Por outro lado, no que diz respeito à nação brasileira, o ‘nós’ é excludente porque nem todo brasileiro fala a língua portuguesa. Pela afirmação do item b), quem não fala a língua portuguesa deixa de ser brasileiro. Nesse caso, em sua resposta, o candidato pode explicar a relação excludente tanto pela palavra ‘brasileiros’, quanto pela palavra ‘português’. “Nós brasileiros” afirma a unidade do povo, apagando sua heterogeneidade. “Falamos português” também forja uma unidade de língua que não corresponde ao conjunto complexo dos diferentes falares presentes no Brasil.
Esta questão ressalta o processo de interlocução como fundamental na relação dos falantes com a língua, apontando para o poder envolvido nessa relação. A discussão dos pronomes, trazida pelo autor, coloca em questão a hegemonia lingüística: respeitar a língua do outro significa considerar, mesmo nas pequenas diferenças lexicais, outras maneiras de interpretar o mundo. O item b), ao permitir ao candidato pensar sobre a unidade da língua e do povo também como uma questão interna ao Brasil, traz para a pauta de discussões a política lingüística. É importante que o candidato possa olhar para a língua como um conjunto de diferenças, para que perceba que a reflexão e o trabalho sobre esta, em seus diversos níveis de análise, implica, necessariamente, políticas de língua.
Fonte: Banca examinadora da Unicamp
60) a) A frase-título da tira Chiclete com Banana de Angeli - “O IMUNDO ANIMAL”- remete à frase “O Mundo Animal”, referindo-se o substantivo “animais” aos homens, mais especificamente à classe dos políticos. Qualificando esse substantivo por meio do adjetivo “imundo”, o autor faz uma crítica a essa classe, uma vez que as imagens da tira mostram os políticos com feições distintas (como se fossem animais de espécies diversas) não competindo, mas sim associando-se em conchavos, conluios, sugerindo que seu meio de sobrevivência é imundo, espúrio.
b) Pode-se admitir que há sugestão do processo de prefixação levando-se em conta um jogo de palavras produzido pelo autor: a prefixação se daria pela agregação do prefixo im-/i- ao substantivo “mundo”. Embora, gramaticalmente, tal possibilidade não seja verificada, esse jogo de palavras produz um efeito de sentido no qual a associação sonora entre os vocábulos “mundo” e “imundo” aproxima-os, semanticamente, deixando explícita a crítica feita pelo autor aos políticos que seriam “animais imundos”.
61) Alternativa: A
62) Alternativa: C
63) Alternativa: A
64) Alternativa: A
65) Alternativa: B
66) Alternativa: C
67) a) O primeiro momento modernista procura negar a gramática e a sintaxe tradicional, daí os termos “antigramatical” e “anti-sintaxe” (o prefixo anti significa negação, contrariedade). Posteriormente, essa negação à gramática e à sintaxe tradicional também é negada (daí anti-anti), explicando-se assim os termos “anti-ANTISINTAXE” e a “anti-ANTIGRAMATICAL” .
b) antiANTI-SINTAXE e antiANTIGRAMATICAL
68) a) “Lucifez”. “anti-rosto” “anti-figura”
b) Porque as palavras blagueur e blagues (em francês, piadista e piadas, respectivamente) não são da Língua Portuguesa.
69) a) Mono- tem valor de “único”, “um só” ou “apenas um”.
b) Dentre várias respostas possíveis, o aluno poderia responder “A maioria da população brasileira é monolíngüe”, isto é, são falantes de uma única língua.

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